Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a alta nos preços acabou destravando vendas e dando um maior impulso aos negócios no mercado físico disponível brasileiro ao longo do último mês. “A dinâmica de vendas não foi fluida, mas houve uma maior movimentação, especialmente para o café arábica, onde algumas descrições superaram a linha de R$ 1.000 por saca, estimulando o interesse do produtor. Destaque às negociações de café no Sul de Minas e na região das Matas. No Cerrado, o ritmo de vendas continua lento, com produtor mais resistente à negociação”, aponta.
Já o aumento da volatilidade dos preços tem atrapalhado a comercialização e ajudado a tirar liquidez dos negócios, comenta Barabach. “O produtor, que naturalmente é mais resistente à venda nesse período do ano, por questões tributárias, encontrou um motivo adicional para seguir na defensiva que é a instabilidade de alta dos preços. Mercado oscila bastante, mas dentro de um intervalo atraente aos vendedores, o que justifica adiar a decisão de venda para o próximo ano”, coloca.
Ele indica que as dúvidas produtivas, por conta dos temores climáticos, também servem de justificativa para essa postura. Do outro lado, tradings e as indústrias domésticas também tiraram o pé. “A indústria local, em sua maioria, só deve voltar as compras na segunda quinzena de janeiro. Já as tradings acusam o menor interesse da demanda externa, que encurtam a mão, buscando evitar de tomar decisão em meio ao calor especulativo com o clima no Brasil”, aponta Barabach.
O levantamento da SAFRAS apontou um comprometimento por parte do produtor de 71% da safra até o último dia 12 de dezembro. Esse percentual envolve venda física disponível, como também as travas antecipadas (operações de troca e fixação junto as tradings).
Destaque às vendas de café arábica, que alcançam 68% da produção. E, com isso, superam igual período do ano passado, quando giravam em torno de 67% da produção. Porém, ainda abaixo da média de 5 anos (70%). “A alta nos preços e a grande safra colhida esse ano fez o produtor se mexer um pouco mais. Produtor continua dosando posições, aproveitando repiques de alta, mas sem mostrar afobação”, avalia.
No caso do conilon, o produtor alterou o comportamento e diminuiu o ritmo de venda. “O atraso na colheita do Vietnã, junto à revisão para baixo na produção da origem asiática, acabou atraindo mais interesse externo pelo conilon brasileiro. O diferencial se valorizou no FOB Vitória e a indústria doméstica teve que reagir, melhorando sua ideia de preço”, diz. Mesmo assim, as vendas de conilon já alcançam 77% da produção, um percentual acima da média de 5 anos – 76% vendido.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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