Com preocupações sobre clima e qualidade do grão, mercado de trigo registra poucos negócios

73
Imagen de jplenio1 en Freepik

Porto Alegre, 25 de outubro de 2024 – A semana do mercado brasileiro de trigo foi marcada por oscilação nas negociações e forte influência das condições climáticas. O clima teve um impacto decisivo sobre a qualidade da safra, afetando tanto o andamento da colheita quanto as expectativas de preço.

A semana começou lenta, especialmente no Rio Grande do Sul, com negócios pontuais focados no trigo para ração destinado à exportação, devido à qualidade prejudicada pelas chuvas. Nas regiões de Missões, Grande Santa Rosa, Frederico Westphalen e Tenente Portela, a colheita avançou para cerca de 20%, mas o peso hectolitro (PH) variou entre 70 e 81, refletindo a inconsistência na qualidade.

As condições climáticas incertas no início da semana reduziram ainda mais as negociações. No Paraná, a expectativa de uma safra robusta no RS preocupava os vendedores quanto à queda de preços, mas a baixa qualidade do cereal gaúcho moderou essa pressão. Apesar de alguns sinais de melhora na qualidade do grão colhido, ainda não atingia o padrão dos compradores, mantendo a demanda por feed wheat com cerca de 45 mil toneladas comercializadas.

Na quarta-feira, as chuvas intensas e ventos fortes no Paraná, que já enfrentava seca e geadas, ameaçaram a fase final da colheita, aumentando o risco de perdas qualitativas. Vendedores recuaram, mantendo os preços de venda ao redor de R$ 1.500 por tonelada.

Já no final da semana, o volume de negócios foi reduzido novamente, com a ausência dos moinhos devido ao Congresso da Abitrigo e cautela pelas adversidades climáticas. No RS, a colheita chegou a 32%, com preços de exportação estáveis: R$ 1.325 por tonelada para trigo de moagem e R$ 1.120 para feed. No Paraná, os preços variaram entre R$ 1.380 e R$ 1.450 por tonelada, sem grande movimentação.

Conab

A colheita das lavouras da safra 2024 atingiu 47,7% da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados recolhidos até 20 de outubro. Na semana anterior, a ceifa estava em 41,8%. Em igual período do ano passado, o número era de 59,2%.

Paraná

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório mensal de outubro, que a safra 2024 de trigo do Paraná deve registrar uma produção de 2,352 milhões de toneladas, 36% abaixo das 3,655 milhões de toneladas colhidas na temporada 2023.

Rio Grande do Sul

A colheita do trigo teve um ritmo acelerado especialmente ao Centro e Noroeste do Rio Grande do Sul ao longo desta semana, sendo interrompida apenas em 15/10 devido à ocorrência de chuvas. Segundo a Emater, em algumas áreas de relevo plano, o excesso de umidade no solo ainda impôs restrições ao avanço nos dias subsequentes. A colheita alcançou 29% da área estimada de plantio.

Argentina

A melhora na condição das lavouras de trigo da Argentina foi modesta durante a semana, com um aumento de apenas 4 pontos percentuais na área sob condição Normal/Excelente em relação à semana anterior. De acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, regiões do centro-oeste e norte do país, que sofrem com falta de umidade, estão em fases avançadas de desenvolvimento, com capacidade reduzida de resposta às chuvas recentes, e a qualidade das lavouras diminui gradualmente ao se avançar para estas áreas.

No entanto, nas zonas com maior potencial produtivo, como a região núcleo e sul, as expectativas permanecem elevadas, com previsões de rendimentos que podem superar a média dos últimos cinco anos. Mesmo com alguns episódios de calor intenso e focos de doenças controlados quimicamente, se o regime de chuvas continuar, os resultados podem ser ainda melhores do que o esperado.

As condições de cultivo se dividem entre boas (38%), médias (32%) e ruins (30%). Na semana passada, eram 31%, 35% e 34%, respectivamente. Em igual momento do ano passado, eram 13%, 39% e 48%. Atualmente, 34% das lavouras estão em déficit hídrico, contra 47% na semana passada. No mesmo momento do ano passado, eram 46%.

A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.

Acompanhe a Safras News em nosso site. Siga-nos também no InstagramTwitter e SAFRAS TV e fique por dentro das principais notícias do agronegócio!

Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)

Copyright 2024 – Grupo CMA