Com NY em baixa, mercado de café deve seguir lento no Brasil

458

     Porto Alegre, 14 de setembro de 2021 – O ritmo dos negócios deve continuar lento nesta terça no mercado brasileiro. Nova York segue recuando e o dólar tem alta apenas moderada. Os agentes seguem cautelosos.

     O mercado registrou um ritmo calmo na comercialização na segunda-feira. Com a baixa do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e a queda do dólar, o dia foi de cotações mais baixas para o arábica no país. Mas, o conilon sustentou-se, já que Londres teve leve alta para o robusta, e o mercado também apresenta mais demanda e os vendedores dosam a oferta.

     No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa com 15% de catação terminou o dia em R$ 1.060,00/1.065,00 a saca, no comparativo com R$ 1.065,00/1.070,00 de ontem. No cerrado mineiro, arábica bebida dura com 15% de catação teve preço de R$ 1.065,00/1.070,00 a saca, contra R$ 1.070,00/1.075,00 do dia anterior.

     Já o café arábica “rio” tipo 7 na Zona da Mata de Minas Gerais, com 20% de catação, teve preço de R$ 960,00/970,00 a saca, contra R$ 970,00/990,00 anteriormente. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, ficou em R$ 730,00/735,00 a saca, estável.

EXPORTAÇÕES CECAFÉ

* As exportações totais de café do Brasil em agosto de 2021, somando café verde e industrializado (torrado e moído e solúvel), chegaram a 2.674.116 sacas de 60 kg, registrando queda de 25,2% em relação às 3.573.958 sacas em idêntico período de 2020. Em receita cambial, as remessas recuaram 1,6% no mês passado, saindo de US$ 427,5 milhões para US$ 420,5 milhões. Os dados partem do relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado pela assessoria de comunicação da entidade.

* Nos dois primeiros meses da safra 2021/22, as exportações totalizaram 5,541 milhões de sacas, volume 18,7% inferior ao registrado em julho e agosto do ciclo anterior. Já a receita subiu 2,8% no intervalo, chegando a US$ 831,7 milhões. No acumulado do ano civil, o desempenho é similar, com as remessas brasileiras de café caindo 1,8% ante 2020, para 26,303 milhões de sacas, mas avançando 5,8% em valor, ao renderem US$ 3,618 bilhões nos oito primeiros meses de 2021.

* A reviravolta no desempenho das exportações brasileiras de café, que eram positivas até o acumulado de julho, reflete a continuidade dos gargalos logísticos no transporte marítimo, um problema estrutural que extrapola as fronteiras do Brasil e do produto, conforme revela o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda. “Essa grave crise operacional gerou disparada no valor dos fretes, constantes cancelamentos de bookings – espaço dos contentores nos navios -, dificuldade para novos agendamentos e disputa por contêineres e lugares nos navios”, expõe.

* Segundo apuração realizada pelo Conselho junto aos exportadores, os entraves fizeram com que o Brasil deixasse de exportar cerca de 3,5 milhões de sacas entre maio e agosto de 2021, o que, considerando os preços médios dos embarques, equivale ao não ingresso de aproximadamente US$ 500 milhões em receitas ao país.

* “O levantamento também mostrou que a média das rolagens de carga variou entre 10% e 20% de janeiro a abril de 2021, saltou para entre 20% e 30% em abril e maio, chegando aos patamares médios de rolagens de 40% a 50% nos últimos três meses, o que explica o significativo volume de café que o Brasil deixou de embarcar. O desempenho não foi pior em função do esforço titânico dos setores comercial e logístico dos exportadores, que ainda possibilita um fluxo considerável de café para fora do país”, analisa o presidente do Cecafé.

* Rueda comenta que, com o avanço da vacinação e a reabertura das principais economias globais, especialmente Estados Unidos e Europa, houve um aumento monumental por alimentos, bens e serviços, gerando intensa demanda de navios, oriundos principalmente da China e de outros países da Ásia, para essas regiões. “Isso gerou desbalanço global na oferta e demanda de navios e contêineres, havendo fila de embarcações e muitos equipamentos, como os contentores, aguardando sua vez. Ou seja, há maior demanda e a infraestrutura não é reativa de imediato, assim os portos se encontram com a capacidade estrangulada”, explica.

EXPORTAÇÕES SECEX

* As exportações brasileiras de café em grão em setembro chegam a 1.071.047 sacas de 60 quilos no acumulado do mês até o dia 12, com 7 dias úteis computados (média diária de 153.007 sacas), com receita chegando a US$ 171,836 milhões (média diária de US$ 24,548 milhões), e preço médio de US$ 160,44 por saca.

* A receita média diária obtida com as exportações de café em grão em setembro é 18,65% maior no comparativo com a média diária de setembro de 2020, que fora de US$ 20,689 milhões. Já o volume médio diário embarcado é 12,75% menor que o de setembro de 2020, que tinha o registro de 175.362 sacas diárias de média. As informações partem da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

NOVA YORK

* Os contratos com entrega em dezembro registram desvalorização de 1,39% na Bolsa de Mercadorias de Nova York (ICE), cotados a 186,80 centavos de dólar por libra-peso.

* Os contratos com entrega em dezembro/2021 fecharam a segunda-feira a 186,80 centavos de dólar por libra-peso, queda de 1,25 centavo, ou de 0,7%.

CÂMBIO

*O dólar comercial registra alta de 0,05% a R$ 5,228. O Dollar Index registra baixa de 0,06% a 92,62 pontos.

INDICADORES FINANCEIROS

* As principais bolsas da Ásia encerraram mistas. Xangai, -1,42%. Tóquio,

+0,73%.

* As principais bolsas na Europa registram índices em baixa. Paris, -0,52%. Londres, -0,40%.

* O petróleo opera em alta. Outubro do WTI em NY: US$ 70,64 o barril (+0,26%).

AGENDA

– Dados sobre as lavouras do Paraná – Deral, na parte da manhã.

– EUA: O índice de preços ao consumidor de agosto será publicado às 9h30 pelo Departamento do Trabalho.

—–Quarta-feira (15/09)

– China: A produção industrial de agosto será publicada na noite anterior pelo departamento de estatísticas.

– Reino Unido: O índice de preços ao produtor de agosto será publicado às 5h30 pelo departamento de estatísticas.

– Reino Unido: O índice de preços ao consumidor de agosto será publicado às 5h30 pelo departamento de estatísticas.

– Eurozona: A produção industrial de julho será publicada às 6h pela Eurostat.

– O BC divulga às 9h o índice de atividade econômica (IBC-Br) referentes a julho.

– EUA: Os dados sobre a produção industrial em agosto serão publicados às 10h15 pelo Federal Reserve.

– A posição dos estoques de petróleo dos EUA até sexta-feira da semana anterior será publicada às 11h30min pelo Departamento de Energia (DoE).

– Dados de esmagamento de soja nos EUA em agosto – NOPA, 13hs.

– Estoques de café dos EUA em agosto – GCA, 16hs.

—–Quinta-feira (16/09)

– Japão: A balança comercial de agosto será publicada na noite anterior pelo Ministério de Finanças.

– Eurozona: A balança comercial de julho será publicada às 6h pela Eurostat.

– IGP-10 de setembro – FGV, 8hs.

– Exportações semanais de grãos dos EUA – USDA, 9h30min.

– Dados de desenvolvimento das lavouras argentinas – Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 15hs.

– Dados das lavouras no Rio Grande do Sul – Emater, na parte da tarde.

—–Sexta-feira (17/09)

– Eurozona: A leitura final do índice de preços ao consumidor de agosto será publicada às 6h pela Eurostat.

– Atualização da evolução das lavouras argentinas e levantamento mensal – Ministério da Agricultura, na parte da manhã.

– Dados de desenvolvimento das lavouras do Mato Grosso – IMEA, na parte da tarde.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

Copyright 2021 – Grupo CMA