Em teleconferência de resultados do 1T25, a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, reforça a mensagem de austeridade e foco na disciplina de capital e redução de custos.
“É hora de apertar os cintos, o momento é desafiador. Com preço do barril do petróleo a US$ 65, uma diferença de US$ 20 em relação ao primeiro trimestre, temos que reduzir custos. Estamos focados em manter a disciplina de capital”, disse a CEO.
A presidente da Petrobras também ressaltou os esforços da companhia na elevação da exploração no 1T25. “Não há futuro para petrolífera sem exploração. Queremos uma Petrobras forte e longeva para a sociedade brasileira”, ressaltou a CEO.
Em relação ao lucro de US$ 6 bilhões registrado entre janeiro e março, Chambriard disse que o resultado foi impulsionado pelo aumento da produção, mas ressaltou o fator cambial. “O aumento da produção foi responsável pelo nosso lucro no 1T25. Sem efeito do câmbio nosso resultado seria de US$ 4 bi (nada mal!) e não US$ 6 bi. Nosso resultado depende de fatores que não temos controle, por isso, o momento é de forte disciplina e redução de custos”, enfatizou a CEO, na abertura da teleconferência de resultados.
A CEO disse que o plano estratégico deverá ser revisado por conta da redução do Brent. “Estamos confiantes com o nosso Plano Estratégico, mas com a queda do Brent, ele deve ser revisado”, disse. “Nossos gastos estão adequados ao atual patamar do Brent.”
“Estamos determinados a superar os desafios que se apresentam e aproveitar todas as oportunidades que a nós se apresentam”, disse Magda Chambriard, aos analistas e investidores.
‘Petrobras está atenta ao cenário de Brent mais baixo, mas nossa estratégia de longo prazo está mantida’, diz CFO
Em teleconferência de resultados do 1T25, o diretor financeiro (CFO), Fernando Melgarejo, disse que o capex previsto no Plano Estratégico da Petrobras está mantido, mas que a companhia está atenta ao cenário de Brent mais baixo e citou algumas ações para minimizar os impactos.
“A companhia está atenta ao cenário de Brent mais baixo, mas nossa estratégia de longo prazo está mantida”, ressaltou o CFO, explicando que o plano estratégico da Petrobras prevê um VPL positivo em cenários de até US$ 45 por barril. “Nosso plano é robusto, mas estamos atentos às mudanças no cenário dentro da nossa indústria.”
As medidas mencionadas pela diretoria da Petrobras incluem minimizar efeitos inflacionários com otimização de gastos, mitigar impacto de preços menores no fluxo de caixa livre e reavaliação de campos maduros e repriorização de projetos com maiores retornos. “O guidance de capex será mantido em US$ 18,5 bi, ajustando a questão do câmbio”, acrescentou. “A presidente da Petrobras ressaltou a mensagem de austeridade no início da teleconferência. Portanto, estamos atentos, vamos tomar medidas de curto e longo prazo e não vamos simplesmente aumentar dívida.”
Em relação ao capex do 1T25, Melgarejo disse que a redução para US$ 4,1 bi, de US$ 5,7 bi no 4T24, confirma o que foi dito na teleconferência do trimestre anterior, de que a Petrobras antecipou investimentos. E no 1T25, o capex foi materializado em diversas entregas, como plataformas em construção, interligações de poços e sondas em operação.
O executivo disse que a dívida bruta está dentro do limite previsto no plano de negócios da companhia e decorre principalmente da entrada do FPSO Almirante Tamandaré.
Redução do preço do diesel
Claudio Romeo Schlosser, diretor de Logística, Comercialização e Mercados, lembrou da mudança de estratégia de preços da Petrobras, há dois anos, que considera diversas variáveis, comentou que para as três reduções do diesel consideraram, além da variação cambial, fatores como a decisão de aumento da produção pela Opep.
Em maio de 2023, a Petrobras anunciou que deixava de obedecer obrigatoriamente a política de paridade internacional do petróleo, que tinha como referência o dólar e o mercado exterior. A estatal informou ainda que os reajustes continuariam sendo feitos sem periodicidade definida e evitando repassar variação de preços por causa das mudanças nos mercados internacionais. Com a mudança, a Petrobras buscava mais flexibilidade para praticar preços competitivos e manter um patamar de preço para garantir a realização de investimentos.
A companhia passou a adotar em sua estratégia comercial referências como “custo alternativo do cliente” e “valor marginal para a Petrobras”. O custo alternativo do cliente considera as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, enquanto o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade, levando em consideração a produção, importação e exportação do produto ou dos petróleos utilizados no refino. A Petrobras disse que, no novo modelo, iria considerar a participação da companhia e o preço competitivo em cada mercado e região.
Margem Equatorial
A diretora da Exploração e Produção (E&P), Sylvia dos Anjos, reiterou a confiança da Petrobras em obter a licença do Ibama para pesquisar petróleo na Margem Equatorial, mas disse que a companhia não depende apenas dessa frente para ampliar sua base exploratória, citando outras áreas de interesse já anunciadas pela companhia, como na Guiana.
Mercado de gás
O diretor de Transição Energética, Maurício Tolmasquim, disse que a Petrobras está avaliando oportunidades no novo ambiente do mercado de gás e que busca ampliar a participação da companhia com novos produtos.
Plataformas
A diretora de Tecnologia, Renata Baruzzi, disse que a Petrobras está buscando parceiros para a construção de plataformas com foco nos custos e na competitividade. “Fomos à China buscar parceiros para nossos estaleiros. Para nós, é melhor ter parceiros locais, queremos fazer aqui no Brasil, considerando preço, qualidade etc., mas estamos buscando parcerias”, disse. “A nossa expectativa é que os projetos de novas plataformas não passem de US$ 3,5 bi”, disse Baruzzi, em resposta a um analista.
Não há possibilidade nenhuma de ultrapassar o nosso capex previsto, ressaltou a diretora.
Fertilizantes e petroquímica
Em relação aos investimentos em fertilizantes, o diretor de processos industriais e produtos, William França, disse que a planta da Fafen, localizada em Araucária (PR), deve entrar em operação até junho e, em outubro, a companhia deve voltar a operar as plantas da Proquigel/Unigel na Bahia e em Sergipe, após aprovação de o acordo para encerramento das controvérsias contratuais e litígios existentes entre as partes pelo conselho de administração da Petrobras, anunciado na última sexta-feira (9).
Já a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-3), localizada em Três Lagoas (MS, está em fase de licitação e deve entrar em plena operação em 2028-29. Estamos com a licitação na rua e o mercado está bem animado. Estamos recebendo muitas perguntas, complementou a diretora Renata Baruzzi, em relação ao interesse no projeto.
França também lembrou que a Petrobras está buscando oportunidades em petroquímica e mencionou o anúncio feito pela Braskem, em fevereiro, da assinatura de um contrato com a companhia, de fornecimento de etano de longo prazo utilizando recursos previstos no Regime Especial da Indústria Química (Reiq Investimentos), que prevê o crédito presumido de 1,5% de PIS/COFINS para execução de investimentos na ampliação de capacidade instalada da indústria química brasileira.

