Porto Alegre, 18 de maio de 2020 – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com as Federações de Agricultura e Pecuária dos estados, Conselho do Agro e Frente Parlamentar da Agropecuária, apresentou na semana passada ao Governo Federal um plano com ações emergenciais e estruturantes para reduzir os efeitos da pandemia do coronavírus sobre a economia e promover o crescimento do setor agropecuário.
É o que mostra o boletim semanal da entidade, que relata os principais acontecimentos no período de 11 a 15 de maio. A CNA também entregou ao Poder Executivo as propostas dos produtores rurais brasileiros para o Plano Agrícola e Pecuário 2020/2021. Ainda são aguardadas as medidas para o setor sucroenergético, um dos mais afetados pela crise.
Medidas para o setor
Na agenda de ações emergenciais está a necessidade de prorrogações de financiamentos e crédito novo aos produtores rurais, visto que as medidas já anunciadas pelo Governo Federal precisam de ajustes para que se efetivem, de fato, em favor do setor.
Como ações estruturantes destacam-se a redução da taxa de juros do crédito rural via redução do “spread bancário”, medidas para reduzir a burocracia e o custo de observância do crédito rural, o combate à venda casada e o aumento do funding de financiamento para a agropecuária.
Também na semana passada, foram entregues ao Governo Federal as propostas da CNA para o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2020/2021. O documento elenca 10 propostas prioritárias para a política agrícola para a próxima safra. Se implementadas, contribuirão para facilitar o acesso ao crédito e melhorar o ambiente de negócios para o produtor rural.
Ainda, em concordância com uma solicitação da CNA, o Conselho Monetário Nacional (CMN) publicou a Resolução 4816/2020, autorizando que as renegociações de operações de crédito de custeio para produtores enquadrados no Pronaf e de operações de investimento contratadas com recurso do BNDES, previstas na Resolução nº 4.802/2020, sejam realizadas utilizando a fonte original de recursos, com equalização da taxa de juros, permitindo que a mesma taxa de juros seja garantida ao produtor nas prorrogações.
Setor Sucroenergético
O setor está sendo um dos mais prejudicados pela atual crise e as medidas de apoio solicitadas ao governo ainda não saíram. O Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e o Ministério da Economia têm avaliado a disponibilização de recursos para uma linha de estocagem de etanol, uma das principais demandas do setor. Enquanto isso, a iniciativa privada tem apostado na comunicação positiva com a sociedade para estimular o consumo de etanol no país em detrimento de outros combustíveis.
Commodities agrícolas
A recente estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de grãos é de 250,9 milhões de toneladas, 3,7% superior à safra 2018/2019. A safra de soja, na temporada 2019/2020, foi estimada em 120,3 milhões de toneladas, volume recorde, com acréscimo de 4,6% em relação ao ciclo passado. Para o milho, a Companhia estima produção de 102,3 milhões de toneladas. Mesmo com perspectiva de aumento de oferta, a demanda, impulsionada pelas exportações, tem sustentado os preços dos grãos internamente.
Em apoio ao bom andamento da safra de café, a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais e o SENAR/MG estão realizando seminários regionais sobre os cuidados necessários durante a colheita de café em tempos de Covid-19. Os primeiros encontros estão sendo realizados no Sul de Minas. O setor cafeeiro está otimista em relação aos impactos da crise no consumo. Há sinalizações de que o consumo no lar possa superar as reduções de consumo fora de casa. No entanto, pode haver movimentações para os produtos de qualidade inferior e menor preço.
Aves e Suínos
Para os casos em que for necessária a adequação entre a oferta de animais e a capacidade de abate decorrente do fechamento temporário de abatedouros devido à Covid-19, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em conjunto com os setores industrial e produtivo, publicou uma série de recomendações para um eventual despovoamento em granjas.
A paralisação das duas maiores plantas de abate do país, a BRF de Lajeado (RS) e a BRF de Marau (RS), fizeram com que os animais que iriam para essas plantas fossem enviados para abate em Mato Grosso e Goiás.
Como reflexo da baixa de estoques após o Dia das Mães e a entrada dos salários, o preço do frango vivo no mercado de referência (SP) subiu para R$ 3,00/Kg esta semana, alta de 3,45% em relação ao final da semana anterior. Para os produtores independentes, as cotações do suíno vivo tiveram leve recuperação em algumas praças. Em relação à semana passada, as cotações registraram alta no Paraná (+1,1%), Santa Catarina (+6%) e Rio Grande do Sul (+9,4%).
Boi Gordo
O mercado segue estável, com as exportações sendo as principais responsáveis pela manutenção dos preços em patamares de R$ 200/arroba. A exportação vem respondendo por mais 30% do que é abatido no Brasil, sendo que em anos anteriores representava uma média de 25%. Os valores de exportação em 2020, por tonelada de carne, estão, em média, 17,8% superiores ao mesmo período de 2019.
Ainda com a oferta de boi restrita, os preços da arroba bovina não disparam devido à redução da demanda pela carne ocasionada pela crise de Covid-19, além da elevação de preços no varejo.
Em São Paulo, a cotação para animais destinados ao mercado interno está no patamar de R$ 185/arroba, enquanto nos demais estados, em média, fica próxima à R$ 175/arroba. Esses valores preocupam os produtores, principalmente recriadores e terminadores, devido aos recentes aumentos no custo de produção.
Enquanto isso, as indústrias vêm seguindo as recomendações dos Ministérios da Agricultura e da Saúde para manter as operações de abate dentro da normalidade.
As informações são da Assessoria de Comunicação CNA.
Revisão: Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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