Porto Alegre, 11 de setembro de 2024 – O clima seco e as queimadas que atingem o Brasil estão causando um atraso considerável no plantio da primeira safra de feijão para 2024/25. Caso se consolide, pode afetar negativamente tanto a produção quanto os preços futuros do grão.
De acordo com o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a terceira safra 2023/24 do feijão, conhecida pela sua alta qualidade, já foi colhida e não há risco de prejuízos adicionais. O mercado agora direciona seu foco para a próxima temporada.
“Já está se falando que essa estiagem, diretamente relacionada ao aumento das queimadas, é considerada uma das mais severas dos últimos 40 anos. Elas são preocupantes para o cultivo de feijão, uma vez que o grão é plantado em praticamente todos os estados do Brasil, com ênfase em regiões como o Cerrado, incluindo Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás”, explicou.
Segundo Oliveira, a seca está atrasando o plantio da primeira safra, que já deveria estar mais avançado nesta época. Algumas áreas começaram a ser plantadas no final de agosto, mas muitos produtores tiveram que adiar o início dos trabalhos devido às condições climáticas adversas. A expectativa é que setembro continue com clima seco, o que pode resultar em mais adiamentos no plantio e, consequentemente, na colheita.
Além dos impactos diretos sobre a ceifa, o analista afirma que a seca e as queimadas também estão prejudicando o solo, com algumas regiões podendo levar até três safras para se recuperar da degradação causada pelos incêndios. “O impacto econômico para o setor agropecuário pode ser significativo, com estimativas de prejuízos em torno de 2 bilhões de reais”, pontuou.
Evandro também menciona que, apesar de ainda ser cedo para prever o impacto exato nos preços do feijão, a situação atual pode contribuir para um aumento nas cotações no futuro. “A estiagem e o atraso no plantio são fatores que podem causar um efeito cascata, impactando o mercado ao longo da temporada”, completou.
Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Safras News
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