Porto Alegre, 2 de outubro de 2020 – O mercado brasileiro de trigo teve suas atenções voltadas ao clima no mês de setembro. Os preços pouco oscilaram no Brasil, mesmo com a colheita do grão no Paraná. O foco foi o deficit hídrico sobre as lavouras da Argentina, que compromete o potencial produtivo do país e, consequentemente, o excedente exportável para o Brasil.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, os agentes estão relutantes em negociar. A partir de agora, com o início da colheita no Rio Grande do Sul e a reta final dos trabalhos no Paraná, os preços devem voltar a reagir.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2020 de trigo no Paraná atinge 63% da área cultivada de 1,114 milhão de hectares, contra 1,028 milhão de hectares em 2019, alta de 8%.
Conforme o Deral, 68% das lavouras de trigo do estado estão em boas condições, 27% em situação média e 6% em condições ruins. As lavouras se dividem entre as fases de crescimento vegetativo (2%), floração (8%), frutificação (39%) e maturação (51%).
A produção de trigo deve atingir 3,322 milhões de toneladas, 55% acima das 2,141 milhões de toneladas colhidas na temporada 2019. A produtividade média é estimada em 2.982 quilos por hectare, acima dos 2.205 quilos por hectare registrados na temporada 2019.
Rio Grande do Sul
A colheita do trigo atinge 1% da área no Rio Grande do Sul. Em igual período do ano passado, os trabalhos já chegavam a 2%. A média dos últimos cinco anos é de 3%.
A última semana apresentou tempo seco, dias ensolarados, grande amplitude térmica e precipitações com intensidade variável no estado, que contribuíram para o desenvolvimento do trigo. Em algumas localidades, nas regiões de baixadas, a queda acentuada de temperatura provocou a formação de geada de fraca intensidade, que não chegou a prejudicar os cultivos.
Até o momento, 22% das lavouras estão em maturação, 55% em enchimento de grãos, 20% em floração e 2% em desenvolvimento vegetativo. Na semana passada, os percentuais ficavam em 9, 53, 31 e 7, respectivamente. A colheita ainda não havia sido iniciada. O desenvolvimento está em linha com a média dos últimos cinco anos.
Argentina
As lavouras de trigo da Argentina registraram redução da área em déficit hídrico na última semana. Conforme documento divulgado há pouco pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 46% das lavouras estão em situação de regular a ruim. Na semana passada, eram 44%. Em igual período do ano passado, apenas 18% da área estava nessa situação. As lavouras com condição de excelente a boa passaram de 9 para 8%.
Nesta semana, 42% das lavouras estão em situação de déficit hídrico. Na semana passada, eram 59% e, no ano passado, 44%. A projeção de área fica em 6,5 milhões de hectares.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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