Porto Alegre, 22 de setembro de 2023 – O mercado brasileiro de trigo segue com poucos negócios. Os agentes seguem preocupados com o clima adverso.
O excesso de chuvas no Rio Grande do Sul ameaça a safra gaúcha. Segundo a Emater/RS, as lavouras já perderam potencial produtivo devido às intempéries da primeira metade de setembro. O aumento na incidência de doenças também acende um sinal de alerta.
No Paraná, a situação é diferente. A cultura já está em estágios mais avançados, com a colheita já superando metade da área. Não há relatos relevantes de danos por chuvas no estado.
Preços em queda
Os preços do trigo seguem em queda no Brasil, mas, segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, a competitividade do cereal paranaense, ao menos em tese, no mercado internacional, indica que a retração possa ser estancada em breve. De qualquer maneira, os agentes se mantêm cautelosos. A exportação só não é uma opção para o Paraná pois os grãos de verão ainda são mais atrativos neste cenário, dominando a logística portuária.
Momento de comprar
Bento explica que o momento é propício para o comprador ir ao mercado, buscando reduzir seu preço médio de aquisição e se proteger de possíveis altas, uma vez que persiste a preocupação quanto à sanidade da safra nacional. Além disso, vai crescendo a chance de que os moinhos gaúchos precisem comprar trigo do Paraná.
Preço mínimo
Os produtores seguem recusando negócios aos atuais patamares de preço. A cotação de venda do trigo no Paraná fica entre R$ 930,00 e R$ 950,00 por tonelada. No Rio Grande do Sul, o grão é vendido de R$ 1.050,00 a R$ 1.100,00 por tonelada.
O preço mínimo, estabelecido pelo governo em julho, é de R$ 1.463,00 por tonelada. Desde então, o mercado brasileiro sempre esteve abaixo deste patamar. Bento observa que a última vez que o mínimo esteve acima do mercado foi na temporada 2016/17.
Na última quarta-feira, o ministro da agricultura, Carlos Fávaro, disse que a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) prepara editais para apoio à comercialização do cereal no Rio Grande do Sul, no Paraná e em Santa Catarina. Os programas de garantia de preço mínimo pagam prêmios ao produtor para que ele consiga receber o mínimo previsto. Fávaro disse que seriam R$ 400 milhões de reais, com a intenção de escoar 1,5 milhão de toneladas.
De acordo com o analista de SAFRAS & Mercado, Elcio Bento, os recursos anunciados não seriam suficientes para o volume pretendido. “Com o mercado a R$ 950 por tonelada e o mínimo de R$ 1.463, o prêmio precisa superar R$ 500 por tonelada. Com R$ 400 milhões, se escoariam, no máximo, 800 mil toneladas”, explicou.
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Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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