Porto Alegre, 30 de outubro de 2020 – Os contratos com entrega em dezembro do café arábica da Ice Futures US (Bolsa de Nova York) encerram a última sessão do mês a 104,40 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma queda de quase 6% na comparação com o fechamento de setembro. Em live no Instagram, o analista de café da consultoria SAFRAS & Mercado, Gil Barabach salientou que os preços internacionais já vinham em queda desde setembro, mas que o movimento descendente foi acentuado em outubro.
Segundo Barabach, a forte retração em Nova York em outubro tem a ver com três fatores. Em primeiro lugar, o clima, com chuvas benéficas às lavouras do Brasil. “O retorno das chuvas no maior produtor mundial levou a um desmonte da chamada proteção climática, com fundos e especuladores liquidando posições compradas. O segundo fator foi um ligeiro crescimento nos estoques certificados da ICE, com o início da safra dos produtores de arábicas suaves, como a América Central. Por fim, o câmbio. A valorização do dólar pesa contra as commodities em geral, e afetou, por consequência, o café arábica”, disse.
Alguns meses atrás, a queda nos estoques certificados de café da ICE, com queda de oferta principalmente de países produtores da América Central, fez as cotações subirem para a linha de 135 centavos. Agora houve uma ligeira melhora no nível dos estoques, com reflexos negativos na cotação futura do arábica.
Já em Londres, os futuros do café robusta subiram 1,5% em outubro, se descolando do café arábica. Ao contrário da produção global de café arábica, que cresceu na temporada 2019/20, a safra de robusta diminuiu. Além disso, houve fatores climáticos, com a passagem de um tufão no Vietnã, maior produtor mundial dessa variedade. “Os efeitos deverão ser no mínimo um atraso na colheita, e talvez perda de qualidade e produtividade para o café robusta no Vietnã na próxima safra”, assinalou Barabach.
Para o produtor de café brasileiro, o fator câmbio vem servindo com um “contraponto” às quedas das cotações em bolsa. “Com Nova York testando a linha de um dólar por libra ao longo do ano, e ficando até mesmo abaixo desse patamar durante momentos da entrada da safra brasileira, o dólar bastante alto, encostando em seis reais, vai garantindo preços em moeda local para o nosso cafeicultor”, destacou o analista.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS
Copyright 2020 – Grupo CMA