Porto Alegre, 17 de abril de 2025 – O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana com pouca oscilação nos preços e um ritmo lento nas negociações, refletindo a combinação de incertezas externas, oscilação cambial e baixa disponibilidade interna. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, a volatilidade foi acentuada principalmente pela instabilidade do dólar, influenciada pelas tensões comerciais lideradas pelo governo norte-americano.
Na quarta-feira, por exemplo, a moeda oscilou entre R$ 5,82 e R$ 6,10 – uma variação de 4,8% em um único dia -, o que compromete diretamente a tomada de decisão tanto de compradores quanto de vendedores. “Com esse cenário, os agentes preferiram operar com cautela, evitando se expor a riscos desnecessários, especialmente em um contexto de preços internacionalmente voláteis e poucas referências firmes no mercado interno”, explicou.
De acordo com o analista, ao longo da semana, o comportamento do mercado foi moldado principalmente pela volatilidade cambial, pelas condições climáticas nas regiões produtoras globais e pela retração dos agentes diante das incertezas econômicas e comerciais. A percepção de risco continua elevada, e a combinação entre fundamentos climáticos, câmbio e oferta apertada deve seguir ditando o ritmo dos negócios nas próximas semanas.
Na segunda-feira, o mercado manteve-se estável, com volumes reduzidos da safra passada sendo retidos pelos vendedores à espera de melhores oportunidades, enquanto os compradores atendiam apenas às demandas imediatas. Na terça-feira, as negociações seguiram lentas, e a quarta-feira também manteve o ritmo travado, com vendedores aguardando o início mais significativo da colheita no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Na quinta-feira, a oferta permaneceu restrita, com vendedores mantendo preços firmes. No Paraná, o preço pedido foi de R$ 1.700/tonelada, enquanto no Rio Grande do Sul iniciou em R$ 1.500. Uma venda foi registrada a R$ 1.480/tonelada FOB para comprador paranaense. A fraqueza nas vendas de farinha e o câmbio instável mantiveram os compradores cautelosos, com preços entre R$ 1.650 e R$ 1.670 CIF no Paraná e em torno de R$ 1.450 no Rio Grande do Sul.
“Estima-se que o Rio Grande do Sul tenha cerca de 500 mil toneladas disponíveis, com uma necessidade de 950 mil toneladas até a próxima safra, o que pode levar o estado a recorrer às importações”, analisou Bento.
CIG
Conforme o Conselho Internacional de Grãos (CIG), a produção de trigo é estimada em 798 milhões de toneladas em 24/25, contra 799 milhões no relatório anterior. Para a temporada anterior, o Conselho estimou 794 milhões de toneladas. Para 25/26, 806 milhões de toneladas.
SovEcon
A consultoria agrícola SovEcon, especializada na região do Mar Negro, aumentou sua previsão para a produção de trigo da Rússia em 2025 para 79,7 milhões de toneladas, um aumento de 1,1 milhão de toneladas. Esse ajuste é impulsionado pelo fato de que as lavouras russas conseguiram superar condições climáticas adversas, como frio intenso, seca e tempestades de granizo.
“As plantas resistiram bem ao inverno e sua condição melhorou”, afirmam os analistas da consultoria. No entanto, eles também destacam que a safra russa de trigo não está necessariamente boa, mas sim menos prejudicada do que o esperado. As informações partem da Dow Jones.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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