Porto Alegre, 8 de dezembro de 2023 – Os agentes do mercado de feijão carioca adotam postura cautelosa à medida que o fim do ano se aproxima e que a colheita da primeira safra 2023/24 tem início. Segundo o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Evandro Oliveira, a iminência das férias coletivas contribui com a retenção dos negócios.
Os produtores monitoram de perto as condições climáticas, concentrando-se nas lavouras e testando os compradores ao elevar suas pedidas.
A média da saca do feijão carioca extra nota 9 na Bolsinha paulista encerrou a semana cotada a R$ 345,00, sem alterações em relação à semana anterior. Em comparação ao mesmo período do mês passado, teve alta de aproximadamente 32,69%. Quando comparado ao mesmo período de 2022, houve um decréscimo de 17,86%.
Oferta
Na reta final da colheita da terceira safra do estado de São Paulo, a maior parte da oferta provém dos trabalhos no interior paulista, enquanto o restante é oriundo de Minas Gerais, Goiás e Paraná, remanescentes ainda da segunda safra.
“A safra paulista, apesar de vendas razoáveis, está aquém das expectativas, influenciada por chuvas abundantes que impactaram negativamente na qualidade e na produtividade, dificultando a entrada do produto na capital paulista”, explica Oliveira.
Segundo o analista, no contexto atual, a expectativa é de melhores vendas no início do mês, impulsionadas pela injeção de liquidez em virtude da chegada dos recebimentos por parte da população, tradicionalmente associada a boas vendas no varejo. Porém a perspectiva de uma maior oferta apenas em meados de janeiro, com a entrada de volumes mais expressivos da primeira safra do Paraná, Minas Gerais e Goiás, está sujeita a preocupações climáticas, seja pela falta de chuva em algumas regiões ou pelo excesso em outras.
Minas Gerais
Neste cenário, Minas Gerais, como principal estado produtor da primeira safra, merece atenção especial, com uma área plantada de 151,7 mil hectares e uma produção estimada em 227,5 mil toneladas. A conjuntura climática nos próximos meses será determinante para avaliar o desempenho dessas lavouras e seu impacto no mercado.
Feijão preto
O mercado de feijão preto apresenta um quadro desafiador, com estoques em níveis críticos, uma boa demanda e preços renovando recordes, indicando uma dinâmica marcada pela escassez do produto.
“A semana foi caracterizada por uma baixa atividade, mesmo assim, as ofertas nas mãos dos corretores continuam presentes, com valores nominais que variam entre R$ 370,00 e R$ 420,00 por saca, abrangendo tanto grãos nacionais quanto importados”, enfatiza Oliveira.
No contexto da primeira safra, a perspectiva de uma menor área plantada e de perda de produtividade devido a irregularidades climáticas, potencializadas pelo fenômeno El Niño, coloca uma pressão adicional no mercado. “O estado do Paraná, responsável pelo fornecimento até meados de abril de 2024, enfrenta desafios com chuvas em excesso no início da colheita, gerando riscos de não atender à demanda e, consequentemente, um viés de alta nos preços”, salientou o analista.
Segundo ele, a tendência nesse momento é de vendas sem formação de estoque, aproveitando os bons momentos proporcionados pelas cotações recordes. A ausência de estoques suficientes aponta para uma possível pressão de alta até a segunda safra 2023/24, sendo a demanda um fator crítico a ser monitorado.
A pressão por alta vinda dos importadores é compreensível diante do cenário atual de clima adverso e aperto na oferta. “A escassez do produto no mercado nacional tem impulsionado a busca por alternativas no exterior, aumentando a competição e contribuindo para a manutenção dos preços elevados”, completa o analista.
Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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