Café teve volatilidade intensa em setembro, com temores de recessão e safra menor no Brasil

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    Porto Alegre, 30 de setembro de 2022 – O mercado internacional de café teve um mês de setembro de intensa volatilidade. As preocupações com recessão global e queda na demanda pressionaram as cotações do café na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização global. Por outro lado, as indicações de uma safra menor no Brasil em 2022 do que o esperado, com contínua queda em estoques certificados na bolsa e problemas produtivos também em outras origens garantiram suporte às cotações.

     Com a inflação crescente, bancos centrais pelo mundo seguem elevando juros para conter aumentos de preços. Foi o caso recente dos Estados Unidos. Isso traz temores de que o crescimento econômico seja muito prejudicado, gerando recessão e queda na demanda por produtos, entre eles o café. Assim, nas bolsas foram diversos os dias em setembro de aversão ao risco e de pressão sobre as cotações do petróleo e de dólar em elevação contras moedas, pressionando as demais commodities.

     Mas, nos fundamentos, a apreensão com a oferta trouxe recuperação para os preços do café em NY depois da bolsa registrar mínima no mês para o contrato dezembro em 210,85 centavos de dólar por libra-peso no dia 19. O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, salientou que o café em NY recuperou a importante linha de 220 cents e, embalado tecnicamente, flertou com a referência de 230 cents.

     “A pouca disponibilidade física da bebida serve de sustentação fundamental aos ganhos no mercado internacional. A safra brasileira 2022 menor e o fluxo mais lento tanto de suave colombiano como de robusta do Vietnã reforçam a sensação de aperto no disponível”, comenta. Por outro lado, a demanda mais compassada segura o ímpeto de alta nos preços, diz.

     SAFRAS & Mercado revisou para baixo a produção brasileira de 2022 de 61,1 para 58,2 milhões de sacas.

     O mercado agora volta suas atenções para a safra de 2023 do Brasil. Houve abertura de boas floradas no cinturão cafeeiro após recentes chuvas e as previsões são otimistas de continuação da umidade para o pegamento dessas floradas que vão resultar na produção do ano que vem.

      Para Barabach, a confirmação de boas floradas e uma boa sequência climática reforça a ideia de uma safra cheia no Brasil em 2023. A inclinação mais negativa na curva de preço futuro de café a ICE US reflete esse sentimento. “Enquanto o mercado mostra firmeza de curto prazo ele também amplia o spread negativo para as posições mais longas. Assim, a diferença entre a posição dezembro/2022 (spot) e setembro/23 em NY (safra nova do Brasil) já é superior a 20 cents, o que reafirma os momentos distintos, com carência de curto prazo e a promessa de folga no abastecimento futuro”, avalia. O mercado vai continuar monitorando com atenção o clima no Brasil.

     No balanço de setembro na Bolsa de NY, o arábica para dezembro recuou de 235,25 centavos de dólar por libra-peso (fechamento de 31 de agosto) para 225,70 centavos (fechamento de 29 de setembro), acumulando baixa de 4,1%. Em Londres, o robusta para novembro acumulou perda de 3,0%.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações do arábica bebida boa no sul de Minas Gerais no balanço mensal recuaram de R$ 1.320,00 para R$ 1.310,00 a saca, baixa de 0,8%. A alta do dólar no mês, que subiu no comercial 3,7%, deu suporte aos preços em reais no país. Já o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuou de R$ 750,00 para R$ 740,00 a saca, baixa de 1,3%.

     O consultor de SAFRAS diz que o mercado físico interno reagiu, acompanhando a recuperação das cotações do café na ICE US e o dólar mais firme. “A alta dos preços associado ao retorno das chuvas e as expectativas com as floradas acabou trazendo um pouco mais de vendedores ao mercado, especialmente nos últimos dias. E isso dinamizou um pouco mais os negócios”, conclui.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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