Porto Alegre, 01 de março de 2024 – Fevereiro manteve a tradicional volatilidade para o café tanto na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica quanto na Bolsa de Londres para o robusta, que balizam a comercialização global. No balanço mensal, foi um período de baixas acumuladas nos dois casos. No mercado físico brasileiro, os arábicas de qualidade mostraram-se um pouco melhor sustentados que o conilon, com ritmo cauteloso nos negócios por parte de produtores e compradores.
As indicações de uma melhora nas condições climáticas no Brasil, com chuvas mais presentes, umidade necessária ao desenvolvimento final da safra 2024, pesaram sobre os preços nas bolsas. O mercado também esteve ligado à volatilidade financeira. As oscilações do petróleo, de bolsas de valores e do dólar mexeram bastante com o mercado futuro de café. O foco no mercado financeiro global está em quando os Estados Unidos iniciarão o declínio em suas taxas de juros. Taxas de juros mais altas são aspecto baixista para as commodities, tendendo a desaquecer economias e tirar um melhor ritmo do consumo.
Às vésperas da entrada da safra brasileira, com algumas colheitas de conilon já iniciando em março, mas com os trabalhos devendo crescer a partir de maio, também é natural a pressão sazonal sobre as cotações. O sentimento é de uma boa safra brasileira, em que pesem problemas pontuais em regiões produtoras. O mercado vai seguir monitorando as informações sobre tamanho de safra nos próximos meses.
O bom desempenho das exportações brasileiras de café, com ritmo recorde de embarques para um mês de janeiro registrado agora há pouco, é fator negativo para os preços. O Brasil segue tendo como destaque um amplo pulo nos embarques de conilon. O país está competitivo em seus preços no mercado global, houve problemas em outros produtores de robusta, e ainda os problemas de transporte no Mar Vermelho, atrapalhando a rota Ásia-Europa, trazem vantagem ao Brasil.
O dólar teve comportamento positivo no Brasil em relação ao real, mais um fator baixista para o café em NY por trazer maior poder competitivo às exportações brasileiras. O comercial no balanço de fevereiro teve alta de 0,8%, fechando o mês em R$ 4,9738.
Apesar do balanço negativo no mês, NY manteve-se entre 180 e 190 centavos, mostrando que encontra sustentação técnica e também há preocupações com oferta no curto prazo. Resta saber se com a chegada da safra brasileira os preços vão conseguir manter-se nessa margem.
No balanço mensal de fevereiro, na Bolsa de NY o contrato maio acumulou uma baixa de 3,5%, saindo de 190,95 centavos de dólar por libra-peso ao final de janeiro para 184,35 centavos ao final de fevereiro. Em Londres, o robusta para maio acumulou desvalorização de 2,3% no mesmo período.
O mercado físico brasileiro de café recebeu pressão das bolsas. Os arábicas de melhor qualidade se sustentaram com uma oferta mais controlada e pela demanda. O dólar firme internamente serviu de sustentação também.
O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais fechou fevereiro na base de compra a R$ 1.010,00 a saca de 60 quilos, mesma cotação do final de janeiro. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, na base de compra, teve uma desvalorização de 1,8% no acumulado de fevereiro, fechando o mês em R$ 835,00 a saca.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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