Café supera US$ 2,10 em NY com apreensão com oferta e dólar fraco

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     Porto Alegre, 12 de novembro de 2021 – As cotações do café no mercado internacional voltaram a subir nesta semana. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), o arábica voltou a superar a linha de US$ 2,10 a libra-peso, refletindo a preocupação com a oferta em 2022, diante de uma safra brasileira problemática, os entraves logísticos para as exportações, com falta de contêineres, e com o dólar fraco contra o real, especialmente. Na Bolsa de Londres, o robusta avançou ainda mais que o arábica em NY.

     Destaque para os fortes ganhos da quinta-feira, 11, na Bolsa de NY, quando a bolsa subiu no fechamento mais de 3%. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o café disparou apoiado na queda do dólar, particularmente contra o real. “A pouca disponibilidade física e a perda de potencial produtivo da próxima safra brasileira de arábica também influencia os ganhos na bolsa em NY”, comenta. A oferta no momento está curta no Brasil e a produção do próximo ano está comprometida pela falta de chuvas em longos períodos de 2020 e 2021 e com as geadas de julho.

     Barabach indica que o rompimento da linha de 210 cents serviu de impulso técnico para o vencimento Março/2022, que chegou a testar o topo gráfico em 215 cents. “O desafio de alta é vencer o topo gráfico em 215 cents, o que daria força para Março/2022 ir buscar o topo gráfico em 218 cents, reaproximando, assim, a posição da referência em 220 cents. Isso confirmaria a retomada do traçado de alta”, avalia.

     No balanço da semana, entre as quintas-feiras 04 e 11 de novembro, o contrato março passou de 211,45 centavos de dólar por libra-peso para 213,30 centavos, alta de 0,9%. O robusta na Bolsa de Londres subiu ainda mais para janeiro no mesmo comparativo, passando de US$ 2.204 para US$ 2.292 a tonelada, alta de 4,0%. A apreensão com os entraves logísticos segue prejudicando os embarques do robusta vietnamita. As exportações de café do Vietnã totalizaram 99,249 mil toneladas em outubro, uma retração de 1,1% sobre o mês anterior. No acumulado do ano, o Vietnã exportou 1,285 milhão de toneladas, baixa de 4,2% frente ao mesmo momento do ano passado.

     No Brasil, o mercado físico teve uma semana calma na comercialização. Os vendedores esperam por cotações mais altas, enquanto os compradores também estão cautelosos com toda a volatilidade da bolsa e do câmbio. O dólar comercial acumulou uma queda entre as quintas-feiras 04 e 11 de novembro de 3,6%, o que minimizou o impacto para o arábica no Brasil dos ganhos em NY.

     No balanço da semana, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu entre os dias 04 e 11 de R$ 1.270,00 para R$ 1.265,00 a saca, declínio de 0,4%. Já o conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, subiu de R$ 770,00 para R$ 805,00 a saca, elevação de 4,5%. Uma explicação está no fato de que o robusta em Londres subiu mais que o arábica em NY e com a demanda também dando suporte aos preços.

COMERCIALIZAÇÃO

     A comercialização da safra brasileira de café de 2021/22 até o último dia 09 de novembro atingia 72% do potencial de produção, contra 68% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é superior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 69% da safra. O fluxo de vendas também está bem acima da média dos últimos anos para o período (64%).

     Assim, já foram negociadas 40,94 milhões de sacas de uma produção estimada em 2021/22 por SAFRAS & Mercado de 56,5 milhões de sacas.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o ritmo de vendas no mercado disponível brasileiro enfraqueceu, diante do menor interesse de venda. “Os preços seguiram atrativos, mas a volatilidade na ICE (Bolsa de Nova York) e no dólar acabaram atrapalhando a tomada de decisão do vendedor, já pouco inclinado a posições mais expressivas”, afirmou.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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