Café cai nas bolsas e no mercado interno com previsões de chuvas no Brasil

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     Porto Alegre, 04 de outubro de 2024 – Os preços do café despencaram na semana no mercado internacional. O arábica na Bolsa de Nova York e o robusta na Bolsa de Londres tombaram diante das previsões de chuvas para o cinturão cafeeiro do Brasil, que representam um alívio às preocupações com a safra de 2025. O período é crítico, sendo necessárias precipitações para a abertura e pegamento das floradas que vão resultar na próxima safra. Porém, seguem as dúvidas produtivas porque o ano foi extremamente seco e com temperaturas acima da média.

     Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o café em NY recuou fortemente e já está flertando com a linha de 250 centavos, após atingir o patamar mais alto em 13 anos. “O motivo da queda é a previsão de retorno das chuvas no Brasil. Durante o pico de alta, refletindo os temores produtivos relacionados à falta de chuvas, a posição para dezembro de 2024 chegou a ser negociada a 275 centavos de dólar por libra-peso. Com a chegada de outubro e a chuva prevista, houve uma antecipação no desmonte de parte da proteção climática”, comenta. Para Barabach, tanto o pico de alta quanto a rápida e acentuada queda são explicados pelas volatilidades típicas do mercado de clima.

     Ele destaca que o fato é que a chuva ainda não retornou efetivamente ao Brasil e, mesmo com seu retorno, não há garantia de mudança no padrão climático que assegure um bom andamento da próxima safra. “Nesse sentido, o movimento atual é apenas corretivo e não indica, por enquanto, uma mudança de tendência. Os modelos climáticos realmente sinalizam a quebra do padrão de seca, com aumento da umidade no Brasil ao longo deste mês de outubro, com quadro mais úmido se intensificando ao longo de novembro e dezembro”, avalia.

Para o consultor, a tensão geopolítica, com a escalada do conflito no Oriente Médio, pode trazer mais volatilidade ao mercado, mas o direcional de longo prazo do mercado continuará pautado na produção de café do próximo ano. “O mercado aguarda os primeiros sinais visuais da próxima safra de arábica brasileira e, na virada do ano, deve monitorar as floradas no Vietnã. Assim, fica nítido o deslocamento do foco do mercado em direção à safra de café de 2025”, indica Barabach.

As dúvidas em relação às sequelas causadas pelo longo período sem chuvas e, principalmente, pelas temperaturas acima da média no Brasil, começam a ser mais bem avaliadas com o retorno das chuvas, observa Barabach. “No caso do robusta/conilon, as floradas ocorreram mais cedo, e o que está no radar é a regularidade das chuvas para o desenvolvimento dos frutos. No caso do arábica, é necessário que as chuvas induzam as floradas e, em seguida, um clima favorável para reduzir o abortamento e garantir um bom desenvolvimento dos frutos”, comenta.

Barabach observa ainda que a confirmação das chuvas no Brasil na próxima semana deve resultar em um novo movimento de queda nos preços do café na bolsa. “Uma florada vistosa também reforça essa tendência. Por outro lado, uma retomada do movimento de alta nos preços está atrelada a chuvas insuficientes ou floradas fracas. Nesse sentido, o clima no Brasil continuará a ditar a pulsação do mercado”, conclui.

     No balanço da semana, entre os fechamentos das quintas-feiras (26 de setembro e 03 de outubro), o contrato dezembro em Nova York acumulou baixa 8%, caindo de 273,90 centavos de dólar por libra-peso para 252,05 centavos. Em Londres, o mercado acumulou desvalorização para o robusta no contrato novembro de 11%.

    O mercado físico interno brasileiro acompanhou o movimento negativo das bolsas e os vendedores se afastaram das negociações. Com a oferta restrita, e com um dólar um pouco mais firme na semana, os preços dos cafés no Brasil caíram menos do que nas bolsas.

     No balanço dos últimos sete dias, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, na base de compra, caiu de R$ 1.510,00 para R$ 1.420,00 a saca, baixa de 6,0%. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, caiu 8,1%, passando de R$ 1.535,00 para R$ 1.410,00 a saca na base de compra.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News

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