Porto Alegre, 18 de agosto de 2023 – A semana foi bastante negativa no mercado internacional do café. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização no país, as cotações bateram nos níveis mais baixos em sete meses, rompendo para baixo a importante linha de US$ 1,50 a libra-peso. Apreensões financeiras, com notícias preocupantes da China, exerceram pressão na semana sobre as commodities e o café seguiu este movimento. Além disso, a evolução boa da colheita no Brasil e a melhora nas exportações brasileiras, estimuladas pelo dólar mais firme, são aspectos baixistas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o principal fator de pressão sobre as cotações de café na ICE US é financeiro. “Os problemas na Zhongzhi Enterprise, uma das maiores gestoras financeiras da China, geram estresse nos mercados, que resultam em forte alta no dólar e queda nas commodities. A China é a maior importadora de commodities do mundo. E dúvidas financeiras reforçam os sinais de que a economia chinesa não está andando tão bem”, comenta.
Para o consultor, o mercado deve seguir monitorando fluxo de embarques do Brasil e vulnerável à volatilidade financeira. Com a colheita de café no Brasil terminando e o frio não assustando mais, o novo ponto de inflexão fundamental passa a ser as floradas e a primeira aproximação visual em relação à safra 2024 do Brasil.
Fora do Brasil, no radar produtivo está o El Nino. Enquanto para a Colômbia e América Central existe até um alívio, depois do excesso de chuva dos últimos anos causado pelo La Nina, na Ásia cresce a preocupação com a falta de umidade, avalia Barabach. Ele lembra que a umidade já diminuiu na região e pode afetar a próxima safra da Indonésia e Vietnã. O cenário preliminar é de recuperação na produção do Vietnã em 2023/24, que inicia o novo ciclo produtivo no último trimestre deste ano. “A intensidade moderada do El Niño limita eventuais perdas. Mas é importante seguir monitorando a evolução do fenômeno e seus impactos nas monções e sobre o clima na região”, afirma.
Tecnicamente, em NY, a posição dezembro/23 rompeu o fundo em 150 cents e avança em campo técnico negativo. “A perda consistente desse importante suporte tende a acionar novas ordens de venda e, com isso, facilitar o caminho em referência gráfica do último dia 11 de janeiro, quando o café foi negociado a 144,85 cents. Para segurar as investidas de baixa, tem que primeiro recuperar a linha de 150 cents e, depois, gradualmente, buscar o patamar de 155 e a antiga referência em 160 cents. Um caminho mais difícil diante do financeiro arredio e o fundamento baixista”, analisa Barabach.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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