Porto Alegre, 23 de abril de 2021 – A semana foi de altas nos preços do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional do grão. O mercado não só se solidificou acima da importante linha de US$ 1,30 a libra-peso (contrato julho) como rompeu US$ 1,35 e passa a mirar o patamar de US$ 1,40 a libra-peso.
A queda do dólar contra o real, a valorização do índice de commodities CRB, fatores técnicos e apreensões climáticas no Brasil estão entre os principais fatores para a subida dos preços na bolsa. Mas há outros aspectos a serem considerados.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado já vem construindo uma trajetória de alta desde o final do ano passado, quando era negociado bem perto da linha de 100 cents na ICE US. “A safra recorde colhida no Brasil e o superávit global exerceram forte pressão negativa contra os preços. De lá para cá, o mercado alterou o foco e começou a assimilar, gradativamente, o cenário de menor oferta brasileira, por conta da quebra da safra brasileira 2021, e, com isso, um potencial déficit na oferta mundial”, avalia. Ele destaca que o mercado alterou para cima a curva de preço, iniciando a recuperação. “A expectativa de retomada da atividade, com o avanço da imunização contra a Covid-19, contribuiu com a guinada de alta nas cotações da bebida”, avalia.
Barabach observa que é verdade que o avanço é mais lento que o esperado, mas o fato do mercado conseguir recuperar a linha de 135 cents, em pleno início de colheita da safra brasileira, é um indicativo importante. “Percebe-se também uma maior preocupação com o clima no Brasil, diante da irregularidade das chuvas ao longo do 1º trimestre de 2021 em algumas regiões. O tempo muito seco em abril sobre importantes áreas de café eleva os temores e acende a luz de alerta”, comenta.
O consultor comenta que os olhares devem seguir muito atentos ao andamento da colheita brasileira, tanto no andamento dos trabalhos (colheita e secagem) como também no perfil de qualidade da safra. “Além disso, a temporada fria no Brasil se aproxima. E a chegada da 1º massa de ar polar, ao longo da próxima semana, mesmo que fraca, lembra aos operadores dos riscos com o inverno brasileiro”, adverte. Ele lembra que os fundos, normalmente, buscam atravessar a temporada fria brasileira comprados em café na ICE, reduzindo, assim, a vulnerabilidade diante do inverno no Brasil.
No balanço dos últimos sete dias, entre a quinta-feira da semana passada (15) e esta quinta-feira (22), o café arábica em NY para julho subiu de 134,70 para 136,15 centavos de dólar por libra-peso, alta de 1,1%.
No Brasil, a queda do dólar afetou o mercado físico, pressionando os valores dos grãos. O dólar comercial entre estas últimas quintas-feiras (15 e 22) caiu de R$ 5,627 para R$ 5,455, baixa de 3,1%.
Mas as cotações seguem em patamares relativamente altos, bem acima de R$ 700,00 a saca para as melhores bebidas (arábica). No balanço da semana, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais recuou de R$ 750,00 para R$ 730,00 a saca. Os produtores seguem cadenciando as vendas, aproveitando os repiques de dólar ou Bolsa para saírem mais para as negociações.
O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu no balanço semanal de R$ 445,00 para R$ 430,00 a saca. O robusta na Bolsa de Londres no comparativo semanal avançou de US$ 1.389 para US$ 1.408 a tonelada.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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