Porto Alegre, 24 de julho de 2020 – A semana foi de altas acentuadas para o café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional. O maior otimismo nos mercados, com medidas de apoio financeiro anunciadas na Europa e com a evolução de vacina para a Covid-19, animou o café, também sustentado pela queda do dólar contra o real.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a agitação veio da melhora no humor no mercado financeiro internacional. “Os estímulos anunciados na Europa e o bom desenvolvimento da vacina contra a covid-19 levaram a um recalibramento nos mercados. Em outras palavras, o cenário se apresenta mais positivo para o 2o semestre deste ano, com a expectativa de uma retomada mais forte das atividades”, comenta. Isso refletiu sobre o mercado de ações e commodities, que subiram, e também sobre o câmbio, com o dólar (ativo de proteção) perdendo valor, o que traz suporte ao café nas bolsas de futuros.
No balanço dos últimos sete dias, da quinta-feira da semana passada (16/07) até esta quinta-feira (23), na Bolsa de NY o arábica para setembro subiu de 98,35 para 107,50 centavos de dólar por libra-peso, acumulando uma valorização de 9,3%. Já em Londres, o contrato setembro avançou no mesmo período de US$ 1.243 para US$ 1.350 a tonelada, alta de 8,6%.
No balanço dos últimos 7 dias até esta quinta-feira, o dólar comercial no Brasil caiu 2,1%, de R$ 5,329 para R$ 5,216. A queda da moeda americana foi bem menor que a subida do café em NY. Assim, no mercado físico brasileiro, as cotações do grão subiram na semana. No sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa avançou de R$ 490,00 para R$ 510,00 a saca na compra, alta de 4,1%.
Para Barabach, a melhora nos preços acabou estimulando alguns negócios. “E o mercado só não foi mais movimentado porque o comprador tirou o pé, evitando fixar na alta. Expressa, com isso, dúvida sobre a consistência dos ganhos no referencial externo no curto prazo. Em linhas gerais, o mercado físico segue compassado, com dinâmica centrada, principalmente, em negócios para descrições especificas, envolvendo pequenos volumes e para comprador específico”, comenta. Observa que o mercado não repete a fluidez dos tempos de preços mais altos e de forte interesse, inclusive, para fixação antecipada.
Destaque, novamente, para o conilon, que embora tenha perdido um pouco de força com o recuo no dólar, ainda assim, sustenta um traçado positivo. “Problemas na safra do Espirito Santo e demanda externa agressiva explicam esse desempenho”, avalia o consultor. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, subiu nos últimos sete dias até esta quinta-feira de R$ 350,00 para R$ 355,00 a saca.
Colheita
A colheita de café da safra brasileira 2020/21 estava em 71% até o dia 21 de julho. O número faz parte do levantamento semanal de SAFRAS & Mercado para a evolução da colheita da safra. Na semana anterior, o índice era de 63%. Tomando por base a estimativa de SAFRAS para a produção de café do Brasil em 2020/21 de 68,1 milhões de sacas de 60 quilos, é apontado que foram colhidas 48,55 milhões de sacas até o dia 21.
A colheita está atrasada em relação ao ano passado, quando 83% da safra estava colhida neste período. Os trabalhos também estão ligeiramente atrasados contra a média dos últimos 5 anos, que é de 72%.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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