Porto Alegre, 20 de agosto de 2020 – A segunda estimativa da safra 2020/21 de cana-de-açúcar no Brasil indica uma produção de 642,1 milhões de toneladas, com uma leve retração de 0,1% em relação à safra anterior.
Esse volume, no entanto, vai permitir a produção recorde de 39,3 milhões de toneladas de açúcar, situando o Brasil no patamar de maior do mundo por dois anos seguidos, com um crescimento de 32% em relação ao que foi alcançado na última safra. Os números estão no 2o Levantamento da Safra 2020/21 de Cana-de-açúcar, divulgado pela Companhia Nacional de abastecimento (Conab) hoje.
Essa produção já tem mercado garantido internacionalmente, de acordo com análise da área de Gestão da Oferta da Conab. A exportação brasileira de açúcar apresentou aumento de 69,9% nos quatro primeiros meses dessa safra, a partir de abril, comparado ao mesmo período de 2019, favorecido pela valorização do produto no mercado nacional, ampliação da produção, e pela venda antecipada no mercado futuro. A expectativa é de que a exportação brasileira continue em alta, estimulando a produção, influenciada pela recuperação dos preços internacionais, a taxa de câmbio elevada e a oferta mundial limitada por adversidades climáticas em importantes países produtores da Ásia.
No que diz respeito à produção de etanol, apesar da queda no volume em relação à safra passada, o país deve produzir 30,6 bilhões de litros e deve absorver mais de 50% do total produzido de cana. Há variações positivas e negativas entre as regiões. Em Mato Grosso, pela primeira vez, o subproduto do milho supera o de cana-de-açúcar.
O Sudeste deverá reduzir sua produção em 0,6%, alcançando 412,4 milhões de toneladas colhidas. São Paulo e Minas Gerais são os grandes destaques da região. Já o Centro-Oeste deverá ter uma produção 0,1% maior que a obtida na safra anterior, totalizando 140,6 milhões de toneladas, com Goiás respondendo por esse aumento, graças ao crescimento de área e produtividade.
Também o Nordeste, cujo clima tem favorecido as condições das lavouras, está sinalizando um aumento de 1,6% na área e de 2,5% na produtividade média. Com isso, a produção deve alcançar 51,1 milhões de toneladas, com incremento de 4,1% sobre a última safra. Já o Sudeste, o Sul e o Norte não devem pontuar positivamente. Os primeiros podem perder 2% na área colhida, principalmente pela concorrência com o cultivo de grãos. Aguarda-se a colheita de 34,2 milhões de toneladas, 0,5% menor que a safra anterior. E a pequena contribuição da região Norte de 1% no todo nacional, sofrerá redução de 0,6% na área cultivada, devendo colher 3,6 milhões de toneladas.
Subprodutos
Com a inclusão das estatísticas totais de etanol à base de cana-de-açúcar e de milho, o levantamento aponta para uma produção de 30,6 bilhões de litros e redução de 14,3% com relação à safra 2019/20. O subproduto proveniente de milho vem crescendo cada vez mais e atinge marca recorde neste estudo.
A estimativa da produção a partir da cana-de-açúcar é de 27,9 bilhões de litros, com recuo de 18,1%. Já para o subproduto à base de milho, a tendência é de crescimento de 61,1%. A previsão é de 2,7 bilhões de litros nesta temporada.
O etanol anidro oriundo da cana-de-açúcar, aquele utilizado na mistura com a gasolina, deve cair 17,3%, atingindo 8,4 bilhões de litros, enquanto que o de milho pode alcançar 792,6 milhões de litros, com acréscimo de 95,5% sobre a safra passada. Por sua vez, o etanol hidratado de cana-de-açúcar deve ter queda de 18,4% e produzir 19,5 bilhões de litros, ao passo que o de milho sinaliza aumento de 50,1% e uma produção de 1,9 bilhão de litros.
Em termos de preços, apesar da alta no etanol nos últimos três meses, entre maio e julho, segundo a área de análise, as unidades produtoras mistas reduzem cada vez mais a preferência pela produção do biocombustível em razão da valorização do açúcar nesta safra.
COVID 19
Ainda seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e também do governo federal, em relação ao combate à pandemia de COVID-19, parte dos levantamentos continuam sendo realizados por meios eletrônicos. Algumas unidades de produção puderam ser visitadas por técnicos da Companhia, seguindo rígidos protocolos de segurança, assim como as lavouras. Assim, a qualidade das métricas segue preservada graças também à larga experiência da Conab na coleta de informações e à network de parceiros no setor sucroalcooleiro. As informações partem da assessoria de imprensa da Conab.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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