Porto Alegre, 8 de julho de 2020 – O BNP Paribas estima que O Produto Interno Bruto (PIB) brasileira encolherá em torno de 7% neste ano e aumentar 4% no ano que vem, apesar de indicadores estarem mostrando recuperação mais forte que a esperada na economia – como os dados sobre as vendas no varejo divulgados mais cedo.
O economista-chefe do BNP Paribas, Gustavo Arruda, afirmou durante uma teleconferência que o Brasil terá que lidar com restrições fiscais maiores no ano que vem e, por isso, precisará retomar uma agenda de austeridade nos gastos públicos em 2021.
Ele pontou que o debate nos próximos meses deve girar sobre o que fazer se o teto dos gastos estiver sob riscos, se haverá alta de impostos, e que isso deve afetar o crescimento nos próximos anos. “Uma parte dessa discussão fiscal vai voltar à mesa.
No lado positivo, ele ressalta os juros baixos em consequência da inflação fraca. “Tem 1,5% de inflação neste ano, 3,0% de inflação no ano que vem, a gente quase não conseguiu perceber transmissão do impacto do câmbio na inflação”, disse Arruda.
“A gente olha para frente e não vê o Banco Central precisando voltar a subir juros por muito tempo. [A Selic] deve ficar em 2% pelo menos até o final de 2021”, afirmou.
A estimativa do banco diverge das projeções do mercado. Segundo a edição mais recente da pesquisa Focus, o consenso é de que a Selic terminará este ano em 2,0%, mas aumentará a 3,0% no final de 2021 e a 5,0% em 2022.
Arruda afirmou que o BNP Paribas tem dificuldades em enxergar cenários em que a inflação suba a ponto de motivar aumento dos juros, e disse que as expectativas do mercado embutem também os prêmios de risco relacionados a incertezas com o cenário econômico e político.
“Uma das coisas que a gente percebeu de fevereiro, março para cá, que se repete em crises similares, é que em eventos de risco o prêmio sobe. Olhando para a curva de juros, não necessariamente a precificação se pauta simplesmente na perspectiva de inflação, que é como construo meu cenário. Os preços de mercado vão embutir um prêmio de incerteza”, afirmou.
Em relação ao câmbio, o BNP Paribas prevê que a taxa diminuirá para menos de R$ 5 por dólar até o final deste ano por causa do aumento na liquidez disponível em moeda norte-americana e se a economia se comportar como prevê o banco.
As previsões do BNP Paribas não consideram a possibilidade de um novo fechamento da economia em caso de segunda onda da covid-19. Num cenário em que esse segundo fechamento ocorresse, o PIB brasileiro encolheria 10% em 2020 e 1% em 2021.
“Um segundo fechamento da economia global geraria perdas mais duradouras”, disse Arruda, acrescentando que empresas que sobreviveram a um primeiro momento de crise terão dificuldade para fazer isso durante uma segunda onda. As informações são da Agência CMA.
Revisão: Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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