São Paulo – A Bolsa fechou em alta, chegou próxima ao patamar dos 140 mil pontos-máxima no interdiário foi de 139.988,36 pontos-, impulsionada por dados econômicos mais positivos-Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC) de abril melhor que o esperado e inflação dando sinais de arrefecimento mostrada no Boletim Focus- e possibilidade de diminuição da tensão no Oriente Médio. Alta generalizada das ações.
Entre as altas do Ibovespa, a Embraer (EMBR3) liderou os ganhos com +5,34%, após o anúncio de um novo pedido da aeronave KC-390 pelo governo de Portugal. As ações cíclicas foram favorecidas pela queda na curva de juros futuros. Na ponta negativa, o destaque ficou para as petroleiras.
O principal índice da B3 subiu 1,48%, aos 139.255,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho registrou ganho de 1,68%, aos 139.595 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse a melhora do cenário externo, com alívio das tensões geopolíticas, e os dados domésticos mais construtivos contribuíram para o bom humor do mercado.
“A desaceleração da inflação e a quarta alta consecutiva do IBC-Br sustentaram a percepção de resiliência da economia brasileira. Ainda assim, o ambiente político segue ruidoso, especialmente em torno da MP do IOF. A chamada Super Quarta, com decisões de Copom e Fed, deve ganhar protagonismo nos próximos dias. No entanto, os catalisadores para sustentar o Ibovespa acima dos 140 mil pontos permanecem atrelados a fatores exógenos e de difícil previsibilidade, como o andamento da pauta fiscal interna e os desdobramentos do conflito entre Irã e Israel”.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que indicadores domésticos e exterior ajudam no otimismo na Bolsa.
“O bom humor começou com o IBC-Br, mas também ajudou a notícia de que o Irã quer negociar para acabar com o conflito [com Israel] somado ao fato de os EUA estarem chamando alguns países para discutirem as tarifas [comerciais]. Os DIs estão caindo em todos os vértices. E a gente segue lá melhora lá fora”.
Leite disse que a maioria das empresas da bolsa sobe, à exceção das empresas de petróleo com a queda da commodity.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que uma série de fatores contribuíram para o bom humor do mercado.
“As petroleiras abriram em alta e isso explica um pouco do movimento do Ibovespa. Somado a isso, exterior positivo, o Focus trazendo inflação em desaceleração, na semana passada o IPCA veio bem abaixo da expectativa [+0,26% e mercado previa +0,33%] e o IBC-Br também corrobora com a leitura da inflação perdendo pressão. O IBC-br indica queda na atividade em dia em que o Focus aumentou a expectativa de alta da economia [projeção para o PIB em 2025 +2,20% de 2,18%] e a curva de juros futuros caindo”.
Em relação ao Copom, Faust disse que “se houver aumento da Selic agora, está tudo certo, não é o mais importante. O fiscal e a discussão na Câmara [do projeto que veta o aumento do IOF] fazem mais preço. O cenário mais favorável é para a manutenção da Selic”. Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que esse bom humor está mais relacionado às eleições de 2026 e Boletim Focus.
“As notícias envolvendo o Tarcísio [com o Bolsonaro mandando mensagem que vai apoiá-lo com a Michelle Bolsonaro sendo sua vice], além disso a pesquisa DataFolha no final de semana [Lula lidera pesquisa no 1º turno e empataria com Tarcísio no 2º], além do boletim Focus trazendo desaceleração da inflação. Nessa semana tem vencimento de índice e o Ibovespa tem sofrido mais que outros ativos”.
Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, o IBC-br veio melhor que o esperado, “o que é positivo, mas isso só mostra a foto, daqui para frente a desaceleração deve continuar. O IGP-10[deflação de 0,97% em junho] anima mais do que o IBC porque a inflação caindo parece que é uma tendência, devemos ter inflação em patamar alto, mas não no atual e ajuda com a continuidade do fluxo estrangeiro, queda do dólar e fechamento dos vértices mais longos da curva de juros. Tudo isso contribui para um dia bom no Ibovespa”.
O Boletim Focus, divulgado mais cedo, mostrou que as instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central reduziram a projeção para a inflação medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) para 2025 pela terceira semana seguida, de 5,44% para 5,25%. A estimativa para o PIB em 2025 sobe de 2,18% para 2,20% este ano. Para a Selic, a projeção para este ano segue em 14,75%.
Na agenda local, o Banco Central divulgou o Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que subiu 0,20% em abril ante o mês anterior, indo a 110,20 pontos. O dado mostrou desaceleração gente ao mês anterior, variou 0,8% em março.
Nos dados sem ajuste sazonal, o IBC-Br atingiu 112,1 pontos, ganho de 2,5% na comparação com o mesmo mês de 2024. De acordo com o Termômetro Safras, a projeção era de 0,10% em abril, e ante abril de 2024, estima-se uma alta de 2%.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,96%, cotado a R$ 5,4871. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o intenso fluxo estrangeiro. A diminuição do temor de que o conflito Israel x Irá impacte significativamente a cotação do petróleo também refletiu na divisa estadunidense.
Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o dólar está enfraquecendo globalmente. Existe uma fuga para o euro e até mesmo para o ouro”.
Nagem observa que o real ainda tem a seu favor os altos juros, fortalecendo o fluxo estrangeiro.
Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “a reversão do estresse Israel x irã, mesmo com a continuidade do conflito, ajuda o real hoje. Um dos maiores medos dos investidores era subir o petróleo. Pode ser que o impacto fique mais contido”.
Komura acredita que o Brasil segue sendo uma opção interessante para os investidores, e que este movimento global gera intenso fluxo estrangeiro por aqui: “Quebrar os R$ 5,50 é bastante factível. Não vemos nenhum fator negativo a curto prazo”, avaliou.
No mercado de juros, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam mistas. A tônica da sessão foi a divulgação IBC-Br de abril e o Boletim Focus, ambos divulgados no começo da sessão pelo Banco Central (BC).
Por volta das 16h34 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,860% de 14,840% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,175%, de 14,170%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,565%, de 13,600%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,460% de 13,535% na mesma comparação. O dólar caía 0,88%, cotado a R$ 5,4920 para venda.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, à medida que os investidores demonstraram otimismo de que o conflito entre Israel e Irã pode permanecer contido. A disparada nos preços do petróleo, causada pela escalada do conflito, também perdeu força.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,75%, 42.515,09 pontos
Nasdaq 100: +1,52%, 19.701,21 pontos
S&P 500: +0,93%, 6.033,11 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News