São Paulo -A Bolsa fechou em queda, na marca dos 133 mil pontos, oscilou entre a mínima de 133.647,84 pontos e a máxima de 135.362,58 pontos, em um dia de correção, e de cautela por parte dos investidores com a falta de indicação de uma negociação entre Brasil e Estados sobre a tarifa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros. O mercado espera pela extensão do prazo dado pelo presidente americano, que foi 1º de agosto.
Hoje, o presidente Lula, em evento em Minas Gerais, disse que está pronto para negociar com os Estados Unidos se o Trump quiser.
Ontem, o presidente americano disse que os países que “não estão se dando bem” com os Estados Unidos vão pagar a tarifa de 50%, sem citar o Brasil.
Os destaques positivos ficaram para Pão de Açúcar (PCAR3), que subiu 1,45%. Vamos (VAMO3) teve alta de 0,51% e não tem um driver específico para explicar o bom desempenho. Braskem (BRKM5) avançou 0,66% também ainda repercutindo a possível venda do controle da companhia.
Entre as maiores quedas, estão Weg (WEGE3), Lojas Renner (LREN3) e Embraer (EMBR3), com quedas de 4,68%, 3,11% e 3,88%, respectivamente.
A Embraer é penalizada pela questão da taxação imposta ao Brasil, Wege ainda repercute o resultado do 2T25, abaixo do esperado e Lojas Renner tem correção e espera pelo balanço trimestral.
O principal índice da B3 recuou 1,15%, aos 133.807,59 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,6 bilhões. Às 17h18 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em agosto caía 1,18%, aos 134.770 pontos. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Para Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, “o Ibovespa tem dia de realização puxado principalmente pela forte correção do IFNC [Indice Financeiro], que foi justamente o setor responsável por levar o índice a renovar máximas recentemente. Com a iminente taxação de 50% dos EUA sobre o Brasil, uma medida que envolve mais questões políticas do que comerciais, o risco de manter posições na Bolsa brasileira aumenta consideravelmente. Isso tem levado investidores, que carregam posição há mais tempo, a iniciar movimentos de realização de lucros, inclusive com o objetivo de fazer caixa para eventuais oportunidades caso ocorra uma correção mais acentuada em meio à guerra político-comercial que atravessamos”.
André Motta, especialista da Valor Investimentos, afirmou que “a expectativa do mercado é de que vai ser difícil reverter essa tarifa [de 50%], e a dúvida fica nos passos seguintes: se o governo [brasileiro] vai retaliar, se o Trump vai escalar essas tarifas. O mercado não gosta de incerteza. Tem venda, o fluxo fica negativo e é natural ver uma correção. Não é nada agudo, mas a bolsa tinha esticado um pouco, muita gente aproveitando pra colocar lucro no bolso”.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a Bolsa segue pesada.
“É o pior ativo do Brasil. As commodities estavam ajudando a bolsa nos últimos dois dias, mas elas estão pesadas e com elas pesadas não tem salvação para bolsa. As tarifas [comerciais] pesam, mas devia refletir mais no dólar, e não é o que vemos. Está complicado entender a dinâmica do mercado. Vale destacar que este mês teve saída de estrangeiros, o com a boa performance lá fora, os investidores vendem Basil e compram Estados Unidos”.
Para Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, a bolsa tem correção e segue volátil com as incertezas em relação às tarifas de Trump com o Brasil.
“Hoje tem uma correção natural, o investidor entra e sai da Bolsa. Não tem mudança de cenário, nada estrutural. Os estrangeiros voltaram a ingressar na B3. Temos muita incerteza em relação às tarifas e isso gera volatilidade. O mercado já espera posição forte do governo Trump com o Brasil, e que só vai negociar quando der o aval para abrir negociações. O mercado espera pela postergação do prazo dado por Trump. Tivemos um prazo muito curto para negociar, diferentemente de outros países que foi de 90 dias. Sabemos que no caso do Brasil a questão das tarifas não foi comercial. Pode ter situações de negociações avançando, mas não na velocidade que o mercado gostaria. Temos uma situação complicada”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,05%, cotado a R$ 5,5199. Em dia marcado pela ausência de novidades, a moeda demonstrou baixa volatilidade. O ruído comercial entre Brasil e Estados Unidos, contudo, segue no radar.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “só do dólar estar de lado já é bom”, em um dia onde a divisa estadunidense tem boa performance global.
Borsoi explica que a arrecadação do governo federal em junho, que foi a R$ 234,5 bilhões, uma alta de 6,6% ante junho de 2024, ajuda a diminuir o prêmio de risco. Além disso, a alta do petróleo também contribui com a moeda brasileira.
Os constantes sinais de que a economia dos Estados Unidos não mostra sinais de enfraquecimento, diz Borsoi, fazem com que as chances de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) corte os juros diminuam.
Já para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “a carência de diplomacia na negociação tarifária vai colocando o Brasil cada vez mais próximo da data limite e com pouca perspectiva de algum ajuste”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. O movimento refletiu o exterior, além da espera por um eventual acordo comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Por volta das 16h39 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,935% de 14,940% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,230%, de 14,230%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,575%, de 13,555%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,520% de 13,490% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com S&P e Nasdaq em destaque após os resultados trimestrais mais fortes que o esperado da Alphabet, controladora do Google.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,70%, 44.693,91 pontos
Nasdaq 100: +0,18%, 21.057,96 pontos
S&P 500: +0,07%, 6.363,35 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News

