São Paulo -A Bolsa fechou em queda, perdeu o patamar dos 146 mil pontos, após atingir topo histórico em dois pregões seguidos, acompanhando mau humor no exterior com os dados indicando uma economia resiliente e com falas mais duras de diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O mercado fica na expectativa para o índice PCE amanhã (26). Por aqui, ao cenário político fica no radar. Das 84 ações do Ibovespa, menos de 15 subiram.
A Natura (NATU3) liderou os ganhos do Ibovespa com alta de 2,34%, seguida de Magazine Luiza (MGLU3) +1,28%. Vale (VALE3) subiu 0,55%
Mais cedo, foi divulgado o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação, subiu 0,48% em setembro, abaixo do esperado de 0,55%. Em 12 meses até setembro, o IPCA-15 foi de 5,32% contra estimativa de 5,38%.
Nos Estados Unidos, foi divulgado mais cedo do segundo trimestre de 2025, que cresceu 3,8% em taxa anualizada, acima da expectativa do mercado de 3,3%. Já os pedidos de seguro-desemprego caíram para 218 mil contra projeção de 235 mil.
O principal índice da B3 caiu 0,80%, aos 145.306,23 pontos. Às 17h15 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdia 1,61%, aos 146.390 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que o mau humor do exterior, de olho no cenário político doméstico e inflação por aqui.
“O humor pior lá fora impacta o Brasil e o mundo. O mercado visualizava um ciclo de corte de juros mais consistente, mas alguns membros do Fed estão colocando dúvidas sobre isso. Ainda existe precificação de dois cortes de juros nos Estados Unidos. A probabilidade é de corte em outubro, e para a reunião de dezembro a manutenção das taxas aumentou, mas ainda tem indicação de redução. O PIB veio forte e o núcleo do PCE também levemente acima, mas o que vai ditar o ritmo do mercado será o PCE amanhã (26). Se vier em linha, podemos ver um humor melhor. Os diretores do Fed vão seguir com falas mais duras, alguns ainda estão preocupados com inflação porque continuar com ciclo de corte [de juros] sem destruição do mercado de trabalho é um risco bem grande em relação à inflação. Por aqui, é importante entender quem seria o candidato da oposição para as eleições do ano que vem. Em relação à inflação, o mercado vai ficar de olho se o IPCA fechado vai confirmar o IPCA-15. Se vier um dado positivo, começa abrir espaço para um aumento da possibilidade de um corte de juros em dezembro, apesar de as últimas comunicações do BC não indicar isso. Os investidores vão ficar de olho nas falas do Galípolo [Gabriel Galípolo, presidente do BC] aqui em diante”.
Mais cedo, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse estar desconfortável com a antecipação do corte de juros baseando-se em dados fracos de emprego. Ele alertou que a inflação nos Estados Unidos ainda mostra tendência de alta. Goolsbee reconheceu que votou a favor do corte de 0,25 ponto percentual em setembro, mas reforçou que o avanço da flexibilização da política monetária dependerá da estabilização do pleno emprego e da inflação próxima à meta de 2%. “Se isso acontecer, os juros podem cair abaixo do nível atual, mas estou desconfortável em defender uma queda maior agora”.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a queda da Bolsa tem relação com os juros nos Estados Unidos.
“O PIB americano mais forte e os pedidos de seguro-desemprego abaixo do esperado pesaram aqui e lá fora. A queda da Bolsa tem mais a ver com cenário macro de uma possível movimentação de juros americanos do que os movimentos das empresas. Com os dados de hoje, as apostas de corte de juros nos Estados Unidos reduziriam. Ao invés dos três cortes como o mercado previa, o Fed pararia de cortar antes ou diminua o ritmo”.
No câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,72%, cotado a R$ 5,3655 reagindo aos dados mais fortes nos Estados Unidos. O movimento está alinhado ao exterior. Às 17h04 (horário de Brasília), o dólar futuro com vencimento em outubro avançava 1,05%, a R$ 5.370,000.
O Dollar Index, que mede o comportamento da moeda norte-americana frente a uma cesta de divisas desenvolvidas, subiu 0,63%, a 98,49 pontos. .
Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, embora exista certo pessimismo com os dados mistos da economia estadunidense, o fluxo estrangeiro para o Brasil permanece intenso, o que irá beneficiar o real a curto prazo.
Komura acredita que as atenções estão voltadas para índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que será divulgado amanhã nos Estados Unidos, e pode mudar as projeções sobre a quantidade de cortes da taxa básica de juros que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá promover até o final do ano.
Por aqui, mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA-15 avançou 0,48% em setembro e acumulou 5,32% em 12 meses. Tanto na comparação mensal quanto no acumulado vieram levemente abaixo das projeções do Termômetro Safras de 0,55% e 5,38%, respectivamente.
Mais cedo, nos Estados Unidos, o PIB cresceu 3,8%no 2T25 em taxa anualizada, acima da expectativa do mercado de 3,3%. Já os pedidos de seguro-desemprego caíram para 218 mil contra projeção de 235 mil.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta refletindo os dados nos Estados Unidos mais pesados e os discursos mais hawkish dos membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). O mercado aguarda o PCE amanhã (26).
Por volta das 16h29 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,895% de 14,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,075%, de 14,010%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,380%, de 13,270%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,265% de 13,175% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, pressionados por mais uma forte queda da Oracle e pela alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,38%, 46.947,32 pontos
Nasdaq 100: -0,50%, 22.384,70 pontos
S&P 500: -0,50%, 6.604,72 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

