São Paulo -A Bolsa fechou em queda em um movimento de realização de lucros, terminou no patamar dos 136 mil pontos, em meio aos números negativos das vendas no varejo e o pacote de medidas para auxiliar as empresas mais impactadas com as tarifas de 50% de Donald Trump. Menos de 20 ações subiram.
O presidente Lula anunciou, mais cedo, as medidas para socorrer as exportadoras prejudicadas pela tarifa. O governo vai criar uma linha de crédito de R$ 30 bilhões às empresas, vai ampliar o Programa Reintegra, prorrogar o drawback, comprar diretamente os produtos que eram direcionados ao mercado externo, e buscar de novos mercados.
Em relação às ações, o destaque de alta ficou para MRV (MRV3), que subiu 6,62% refletindo o balanço divulgado ontem após o fechamento do mercado. A companhia registrou lucro líquido ajustado de 125 milhões, alta de 64,9% no 2T25. Na ponta negativa, CVC (CVCB3) e Pão de Açúcar (PCAR3) lideraram as perdas em 10,77% e 10,56%, respectivamente. A CVC registrou prejuízo ajustado de R$ 15,9 milhões. Pão de Açúcar reflete dados de vendas no varejo.
O principal índice da B3 caiu 0,88%, aos 136.687,32 pontos. O giro financeiro foi de R$ 30,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Felipe SantAnna, especialista em mercado financeiro do grupo Axia Investing, disse que pesou no mercado as vendas no varejo, um problema na plataforma nelogica, pacote do governo
“Os dados de vendas no varejo de junho -caiu 0,1% e esperava +0,7%-impactaram o mercado por conta do número negativo, e era esperado alta. Teve um problema [técnico] na plataforma nelogica, ficou fora do ar por mais de 1 hora prejudicando os negócios. A maioria dos operadores de varejo utilizam a plataforma. Além disso, tinha realização de lucros por causa da alta de ontem e as medidas do governo decepcionaram. O governo não indicou as empresas beneficiadas, não indicou taxa de juros, prazo, não ficou claro se os R$ 30 bilhões passam por dentro do arcabouço fiscal”.
Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que “ontem teve uma grande animação e hoje a bolsa realizou um pouco. O anúncio do contigenciamento não mudou muito os preços aqui. O governo está tentando colocar itens para burlar o arcabouço, mas não é muito. A atitude em si, já era esperada, ainda mais quando se fala em já começar a trabalhar no modo eleição. Uma fonte do mercado financeiro disse que a bolsa cai “em um movimento de realização, após alta de ontem com a inflação abaixo do esperado, em meio ao plano de contingência do governo. Hoje é dia de vencimento do Ibovespa futuro, o que gera um pouco de volatilidade”.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que “não tem grande drive enquanto não começar efetivamente o impacto das tarifas. O fator interno continua preocupando o mercado e o externo também desde abril com o anúncio das taxações pelo Trump. Mas o Ibovespa não está em um mau humor generalizado, tem movimentos de compra. Os balanços têm sido ponto de suporte com resultados acima do esperado. Hoje as vendas no varejo vieram bem abaixo do esperado mostrando desaquecimento da economia, papéis sensíveis a juros caem. Mas o mercado fica na expectativa para o pacote de medidas do governo para ajudar as empresas mais atingidas pelo tarifaço, e qual será o impacto fiscal”.
No câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,25%, cotado a R$ 5,4008. A moeda refletiu tanto certa cautela com o desfecho do tarifaço norte-americano quanto o intenso fluxo estrangeiro.
Segundo o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, mesmo com o temor das sobretaxações dos Estados Unidos o real tem performado melhor que os pares emergentes, muito impactado pelo carrego.
Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, o dólar cai na comparação com as emergentes: “No curto prazo, é possível que o dólar se mantenha na casa dos R$ 5,35, R$ 5,40. O carrego está bem forte”.
Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam majoritariamente em queda. A sessão foi marcada pelos resultados do Varejo e da divulgação do plano de contingência para ajudar os setores atingidos pelo tarifaço norte-americano.
Por volta das 16h36 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,885% de 14,895% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,930%, de 14,970%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,215%, de 13,220%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,150% de 13,130% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, com Nasdaq e S&P renovando seus recordes históricos, à medida que as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve continuam impulsionando os principais índices a máximas históricas.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,04%, 44.922,27 pontos
Nasdaq 100: +0,14%, 21.713,14 pontos
S&P 500: +0,32%, 6.466,58 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo
