São Paulo -Após três sessões em queda, a Bolsa fechou em alta puxada pelas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) em razão da valorização do petróleo no mercado internacional. O índice chegou a atingir a máxima de 133.345,71 pontos, mas terminou na faixa dos 132 mil pontos. As incertezas sobre as negociações do tarifaço de Donald Trump seguem no centro das atenções do mercado.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à CNN disse que a negociação sobre a tarifa de 50% a produtos brasileiros segue à mesa. Vamos continuar negociando com os Estados Unidos.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou mais cedo, à GloboNews que o governo não tem com quem negociar. O governo do presidente Lula não saiu da mesa de negociação porque não conseguiu sequer sentar-se à mesa.
A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 1,62% e 1,31%, com a alta do petróleo e antes dos dados operacionais da companhia do 2T25, que sai após o fechamento do mercado.
O principal índice da B3 subiu 0,45%, aos 132.725,68 pontos. O giro financeiro era de R$ 16,3 bilhões. Às 17h15 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em agosto tinha alta de 0,18%, aos 133.280 pontos. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa é sustentada pela Petrobras com a alta do petróleo, mas as indefinições sobre as tarifas seguem no radar.
“A alta do petróleo faz com que a Petrobras segure o Ibovespa. Esse avanço da commodity se deve à postura mais agressiva de Trump com a Rússia. O presidente americano deu 10 dias para a Rússia acabar com a guerra com a Ucrânia. Bessent [Scott Bessent, secretário do Tesouro] disse que pode ter sanções a países que comprarem petróleo da Rússia, e a tarifa será de 100%. Apesar do contexto mais positivo hoje, o tarifaço é o principal drive. A indefinição nesse tema reduz o volume de negócios e gera cautela. Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que após a queda de ontem, “fazia tempo que não atingíamos aquele patamar [de 131 mil pts], é natural essa alta na sessão de hoje. No cenário internacional, vemos alguns fatores positivos: o petróleo ajudando e as treasuries caindo forte aliviando os DIs, e um caminho mais claro entre China e EUA [para o acordo tarifário]. O relatório Jolts [criação de 7,437 milhões de vagas em junho] veio um pouco abaixo da expectativa, o que explica a queda mais forte das treasuries. Com isso, amanhã (30) pode ter uma sinalização nas falas do Powell [Jerome Powell, presidente do Fed], sobre os próximos passos da política monetária e uma indicação de quando começa o corte de juros por lá”.
Em relação ao tarifaço, Faust disse que “não se tem nada claro de quais seriam os parâmetros aceitáveis para negociar [Brasil com EUA]. Não devemos ver acordo até dia 1º de agosto, pode ver algum adiamento [do prazo]. Não adianta colocar os dois [Lula e Trump] para conversarem sem ter alguma coisa delineada. É preciso ver o que os EUA querem de fato com essa negociação”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,39%, cotado a R$ 5,5700. Isso refletiu a possibilidade de que o presidente Lula fale com Donald Trump sobre a questão tarifária. O prazo para a implementação do tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos entra em vigência na próxima sexta, dia 1.
“Acho que o mercado está mais calmo. Ontem e na abertura de hoje tinha um sentimento muito ruim sobre as tarifas, mas acho que tem chance de negociarmos e por isso muita gente respirando aliviada”, opina o analista da Potenza Capital Bruno Komura.
Marcos Weigt, head de tesouraria da Travelex Brasil, disse que as falas mais cedo de ministros ajudaram o Real.
“O dólar está oscilando bastante em função das notícias sobre as tarifas. A divisa abriu em alta e deu uma cedida depois das falas do Haddad [ministro da Fazenda, Fernando Haddad] e da Gleisi [Gleisi Hoffmann, ministra das Relações Institucionais, afirmando que o presidente Lula pode falar com Trump, mas precisa de uma sinalização]. É possível essa conversar, mas acho difícil sair alguma coisa até amanhã. Hoje, apenas o real está valorizando, isso mostra que são razões internas”.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse em entrevista com jornalistas na porta do ministério que o Lula está aberto para conversar com Trump, mas sem “vira-latismo e subordinação”. Trump tem uma postura, muitas vezes dura com os mandatários.
Em relação à decisão de juros aqui e lá fora amanhã (30), Weigt disse que “o Copom e Fomc devem manter as taxas, mas o Fomc pode sinalizar cortes até o final do ano. Por aqui, o Copom pode ser menos hawkish, mas não acredito que sinalizarão cortes”.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O movimento acompanhou as tresauries, além do mercado precificar um corte de juros no início do ano ou no primeiro semestre de 2026 pelo do Comitê de Política Monetária (Copom). Amanhã, (30) tem decisão da Selic. As tarifas de Trump ficam no radar.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,910% de 14,930% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,165%, de 14,215%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,485%, de 13,575%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,395% de 13,535% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, à medida que as negociações comerciais com Pequim estagnaram e os investidores se preparam para a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre os juros.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,46%, 44.632,99 pontos
Nasdaq 100: -0,38%, 21.098,29 pontos
S&P 500: -0,30%, 6.370,86 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

