São Paulo -A Bolsa fechou em alta, chegou a atingir a máxima no interdiário de 133.318,04 pontos, mas acabou encerrando no patamar dos 132 mil pontos, em um pregão otimista sob efeito do passo atrás de Donald Trump.
O presidente americano disse que não vai interferir na independência do banco central do país e acenou para a China com disposição para negociar sobre as tarifas. O destaque de hoje ficou para a JBS (JBSS3).
A queda do petróleo penalizou as ações do Ibovespa ligadas à commodity no Ibovespa: Petrorio (PRIO3) perdeu 3,25% e Petrobras (PETR3 e PETR4) baixou 0,72% e 1,13%.
O setor de educação caiu em bloco, com destaque para Cogna (COGN3) que liderou as perdas em 8,07%., em um movimento de realização após altas recentes. Na ponta positiva, o destaque ficou para a JBS (JBSS3), que subiu 6,38%, após aprovação do pedido de dupla listagem.
O principal índice da B3 subiu 1,34%, aos 132.216,07 pontos. O Ibovespa futuro avançou 1,24%, aos 134.790 pontos. O giro foi de R$ 24,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, a bolsa segue para um fechamento positivo refletindo a postura de Donald Trump.
“Após o Trump recuar no seu posicionamento, principalmente, em relação ao Jerome Powell, presidente do Fed norte-americano, e que estaria disposto a negociar com a China sobre as tarifas, não taxar mais os 145%. Hoje foi um Trump mais paz e amor. A gente vem em uma boa toada de recuperação; commodities se recuperam devido ao possível acordo entre EUA e China. Por outro lado, o petróleo deu uma recuada e impacta o setor. O destaque fica para JBS, após a notícia de dupla listagem o papel sobe mais de 6%”.
Inácio Alves, analista da Melver, explicou que o fato de o presidente Donald Trump “não interferir no banco central americano e estar aberto a negociações com a China sobre as tarifas, ambos fatores trazem estabilidade ao mercado e a bolsa sobe. Os Investidores começam a refazer seus cálculos e observar qual vai ser a direção que o mercado pode tomar nos próximos dias e meses. A melhora na conversa com a China vai impactar positivamente porque o país é um dos maiores consumidor mais do mundo, o que beneficia todas as empresas”.
Apesar desse bom humor, Alves ressaltou que a volatilidade deve continuar.
“Isso é observado no Vix, índice do medo, que está em 28. Quando ele está acima de 25 é considerado alto, entendendo que o mercado está em situação de turbulência; abaixo de 20 é considerado moderado”.
Em relação à pontuação do índice, que atingiu até o momento a máxima de 133.318,04 pontos no interdiário, o analista da Melver disse que “estamos nos aproximando da máxima do ano-133.904,38 pts visto no final de março, que é a resistência”.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o recuo do Trump em relação ao banco central americano e possível avanço com a China ajudam o bom humor do mercado.
“O Trump reafirmou que não pensa tirar o Powell [Jerome Powell, presidente do Fed, banco central americano] [do cargo] e a notícia que está mais disposto a negociar com a China estão animando o mercado. A volatilidade deve seguir até o fim do mandato de Trump. O movimento que vimos no começo do ano pode retomar com os investidores diminuindo exposição em Estados Unidos e buscando outros mercados. A Bolsa tem um potencial muito bom porque está barata. O investidor estrangeiro começou a sair de México e alocar em Brasil; eles [os investidores] acham a Claudia Sheinbaum [presidente do México] mais radical, muito à esquerda”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,18%, cotado a R$ 5,7171. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a melhora do cenário global com a possibilidade de uma trégua na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem acredita que o real tem se beneficiado com os aparentes recuos de Trump e o intenso fluxo estrangeiro.
Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o recuo de Trump se traduz em movimento de risk on no mercado, com a possibilidade de um acordo comercial entre a China e os Estados Unidos, afastando o perigo de uma recessão global: “É bem factível que o dólar chegue em R$ 5,60”, opina.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. A sessão foi marcada pela possibilidade de diálogo entre Estados Unidos e China.
Por volta das 16h26 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,670% de 14,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,990%, de 14,185%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,715%, de 13,950%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,850% de 14,080% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, com a expectativa de que as tensões comerciais com a China possam se amenizar em breve, enquanto o presidente Donald Trump sinalizou que não pretende afastar o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, de seu cargo.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,07%, 39,606.57 pontos
Nasdaq 100: +2,50%, 16,708.05 pontos
S&P 500: +1,67%, 5,375.86 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News