São Paulo -A Bolsa fechou em alta, chegou à máxima histórica no interdiário de 133.471,08 pontos reagindo à ata do Comitê de Política Monetária (Copom), mas perdeu força com as notícias em relação às taxas de juros para o crédito consignado e falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas.
Com a queda do dólar, Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) caíram 1,33% e 1,24%. Na ponta positiva, Vamos (VAMO3) liderou os ganhos em 15,61% refletindo o balanço do 4T24. A companhia registrou lucro líquido de R$ 213 milhões, uma alta de 17% em relação ao igual período de 2023.
O principal índice da B3 subiu 0,56%, aos 132.067,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril registrou alta de 0,60%, aos 133.225 pontos. O giro financeiro era de R$ 19,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a Bolsa subiu forte ao longo do dia, mas encerra com alta reduzida.
“A bolsa teve momentos melhores, mas fecha com alta mais reduzida depois das notícias envolvendo a Caixa [Econômica Federal]-com as taxas de juros que estão oferecendo para o crédito consignado privado [entre 1,60% e 3,17% ao mês]- e as falas de Trump garantindo que na semana que vem vai fazer anúncios [sobre as tarifas]. Isso deixa os investidores mais receoso. A interpretação do mercado é que algumas ações serão deixadas de lado e vão sair vendendo. A questão da Caixa só confirma que o trabalho do BC é mais difícil, que enfraquece o poder de fogo do Banco Central, o que pode exigir taxas mais altas por mais tempo”.
Felipe Papini, sócio e analista de investimentos da One Investimentos, diz que o Ibovespa reage positivamente à ata do Copom por tirar o risco fiscal.
“Por mais que o documento tenha sido mais duro, trazendo vários pontos de incertezas lá fora, mostra uma questão de disciplina, que ele [Gabriel Galípolo, presidente do BC] vai fazer o que precisa ser feito. Não vai deixar os riscos fiscais se alastrarem, que era o grande medo do mercado. Ele disse que o ciclo [de alta] não acabou e que as altas vão ser menores. O mercado espera uma Selic de 15% [esse ano]. As falas da Tebet [Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento] também contribuíram para o movimento positivo, e o mercado segue monitorando as tarifas de Trump”.
Papini afirma que a alta da Bolsa no pregão de hoje “vem mesmo após os ganhos relevantes da semana passada. A gente está rompendo uma região de resistência- 130 mil, 131 mil pts- e ainda vemos espaço para essa alta continuar. Ela estava vindo de um valuation muito”.
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, afirma que “a ata do Copom sinaliza que o ciclo de alta da Selic ainda não terminou, mas os próximos ajustes devem ser de menor magnitude. A elevação de 1 ponto, levando os juros a 14,25% ao ano, reflete um cenário de inflação persistente, expectativas desancoradas e atividade econômica resiliente, exigindo política monetária mais contracionista. O BC indica que novas altas, provavelmente entre 0,25 e 0,50 p.p., ainda podem ocorrer, e só iniciará cortes quando houver sinal claro de desinflação e reancoragem das expectativas cenário mais provável apenas no fim do segundo semestre”.
Para André Matos, CEO da MA7 negócios, a ata do Copom “reforça que a política monetária continuará contracionista por mais tempo, o que impacta diretamente a oferta e a demanda por crédito”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,7086. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e o intenso fluxo estrangeiro.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, acredita que cresceram as possibilidades de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) inicie o corte dos juros em junho, e que isso anima o mercado.
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, os acenos de flexibilização do presidente norte-americano, Donald Trump, foram bem recebidos pelo mercado, afastando o temor de uma desaceleração nos Estados Unidos.
Nagem acredita que a ata do Copom “disse o que todo mundo queria escutar, em linha com a realidade. Reforça a credibilidade do Banco Central”.
“Tivemos uma percepção mais dura do que a obtida no comunicado, notadamente por conta do 19º parágrafo, em que a autoridade afirmou que o ciclo não está se encerrando, mas que a defasagem do impacto da restrição monetária enseja uma desaceleração do ritmo de alta na próxima reunião. Ainda assim, diante da incerteza, optou-se por indicar apenas a direção do próximo movimento, diz o economista-chefe da Ativa Research, Étore Sanchez, sobre a ata.
Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. Isso refletiu a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), tida como hawkish pelo mercado.
Por volta das 16h48 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 15,120% de 15,030% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,040%, de 14,920%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,825%, de 14,735%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,770% de 14,720% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, impulsionados principalmente pela expectativa de que as tarifas dos Estados Unidos sejam aplicadas de forma mais restrita.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,01%, 42.587,50 pontos
Nasdaq 100: +0,46%, 18.271,9 pontos
S&P 500: +0,15%, 5.776,65 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News