São Paulo -A Bolsa fechou em alta expressiva, após muita oscilação, com a declaração do presidente americano, Donald Trump, sobre postergar a cobrança de tarifas recíprocas a países que não retaliaram os Estados Unidos. Isso trouxe um certo respiro ao mercado e todas as ações fecharam no positivo.
Mas a China ficou fora dessa lista de nações e será taxada adicionalmente em 125%. O Ibovespa variou entre a máxima e a mínima mais de 5 mil pontos.
A Vale (VALE3) subiu 5,38%. Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 3,13% e 4,06%.
O principal índice da B3 subia 3,11%, aos 127.795,93 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril registrou alta de 2,94%, aos 127.660 pontos. O giro financeiro era de R$ 35,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que “o mercado foi do “céu” ao “inferno” na sessão de hoje. No começo do dia, o mercado estava preocupado com a questão das tarifas, mas no meio da tarde Trump declarou que ia suspender as taxas por um prazo de 90 dias, e o mercado virou; reverteu a tendência ruim, mas ainda não está tudo solucionado. As commodities que vêm sendo o carro-chefe para puxar o mercado pra baixo, viraram e avançam. É um movimento de mudança de expectativa do mercado, depois de uma semana pessimista em relação a essa forma do Trump governar de impor tarifas”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o recuo de Trump “confirma que ele volta atrás o tempo todo, mas traz alívio ao mercado. Os Estados Unidos sofreriam muito com tanta tarifa, dessa vez estamos vendo o governo americano falando que quer sentar para negociar. Pareceu só um alerta aos outros países, de que precisam melhorar as relações comerciais, pois os EUA podem te punir”.
Mais cedo, antes do recuo de Trump, Henrique Lenzi, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o momento ainda é incerto e gera volatilidade.
“A questão macro é desafiadora, e estamos em um momento de expectativa de rodada de negociações. Enquanto isso tiver em pauta, não tiver acordo, vamos passar por volatilidade. No curto prazo, todas as medidas[tarifárias] são maléficas, já no médio prazo, em contrapartida, podemos estreitar laços com outras economias, como a União Europeia e Ásia. Vimos o governo fazendo aceno, semana passada, com o Vietnã”.
Mas Lenzi comentou que apesar do estresse global existe oportunidades na bolsa.
“Aqui vemos as empresas com os múltiplos muito descontados, com a bolsa negociando a um múltiplo de Preço/Lucro (P/L) de 7,3x, muito abaixo da média histórica, isso tem um pouco a ver com o fiscal porque não fizemos o dever de casa. O momento é mais turbulento, exige cautela, mas com viés positivo porque tem bastante oportunidade. Empresas ligadas ao minério de ferro e aço, como Gerdau e Vale, temos frustação com elas porque podia ter desaceleração da demanda em um cenário de perspectiva de desaceleração da economia global, com EUA podendo entrar em recessão. Para a Weg também seria maléfico. Vale negociando a R$ 49 é oportunidade”.
O operador de renda variável da Manchester Investimentos vê com bons olhos o setor de proteínas, como BRF, os grandes bancos e as empresas de saneamento e elétricas com posições mais defensivas. A Petrobras também é uma oportunidade no longo prazo, “temos de acompanhar de perto o petróleo. E, se sair a liberação pelo Ibama da exploração de petróleo na Margem Equatorial traz oportunidade”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou a R$ 5,8444 para venda, com desvalorização de 2,52%. Às 17h05, o dólar futuro para maio tinha baixa de 2,96% a R$ 5.858,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, subia 0,17% a 103,13 pontos.
O dia foi marcado por muita volatilidade, com as atenções voltadas para o “vai e vem” das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Após se aproximar de R$ 6,10, refletindo a resposta chinesa ao aumento das tarifas, o dólar mudou de direção quando Trump anunciou a pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, com exceção da China, que teve a tarifa elevada para 125%.
Gustavo Trotta, especialista da Valor Investimentos, destaca a volatilidade do mercado, diante do vai e vem de informações sobre as tarifas. “O dólar perde força frente a outras moedas em nível global. O real volta pra casa de R$ 5,90. O dia está sendo supervolátil, com o dólar chegando a bater em R$ 6,05. Vamos acompanhando os próximos capítulos”.
Trump, em uma postagem na rede social Truth Social, anunciou que vai fazer uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas de 75 países que entraram em contato com os EUA para negociações. Já com relação à China, ele aumentou ainda mais as tarifas, subindo para 125%, com efeito imediato.
“Diante da evidente falta de respeito demonstrada pela China em relação aos mercados globais, anuncio a elevação imediata das tarifas norte-americanas sobre produtos chineses para 125%. Espero que, em um futuro próximo, a China compreenda que sua prática histórica de explorar os EUA e outras nações não é mais sustentável nem tolerável”, diz Trump na rede social.
“Paralelamente, reconhecendo que mais de 75 países buscaram diálogo com representantes dos EUA – incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e o Representante Comercial (USTR) – para negociar soluções sobre comércio, barreiras tarifárias, manipulação cambial e tarifas não monetárias, e considerando que nenhum desses países retaliou contra os Estados Unidos (conforme minha forte recomendação), autorizo uma pausa de 90 dias com redução significativa das tarifas recíprocas para 10%, também em vigor imediatamente”, finaliza Trump.
Mais tarde, Trump disse qie haverá acordos sobre tarifas com a China e com “todos” os demais países, também reconhecendo que levou em consideração o mercado de Treasuries antes de anunciar a pausa de 90 dias das “tarifas recíprocas”.
“Acho que teremos um acordo com a China, disse Trump na Casa Branca. Um acordo será alcançado com cada um deles [países]”.
Fora da Casa Branca, um repórter perguntou a Trump se era a atividade inquietante nos mercados de títulos que o levou a pausar as tarifas. Ele respondeu que não, mas admitiu que percebeu que as pessoas estavam ficando enjoada.
Diferentemente do câmbio, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta, apesar de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a pausa de 90 dias para as tarifas recíprocas. Esse cenário ainda é desafiador e demanda muita cautela dos bancos centrais.
Por volta das 16h25 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,815% de 14,765% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,485%, de 14,390%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,325%, de 14,045%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,385% de 14,325% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta expressiva, num dos maiores rali da, após o presidente Donald Trump anunciar uma pausa em algumas de suas tarifas recíprocas ao redor do mundo, fazendo com que um mercado que vinha enfrentando extrema pressão na última semana explodisse para cima.
fechamento:
Dow Jones: +7,87%, 40.608,45 pontos
Nasdaq 100: +12,16%, 17.125,0 pontos
S&P 500: +9,51%, 5.456,90 pontos
Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Agência Safras News