São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo sexto pregão seguido, oscilou entre a máxima de 132.984,25 pontos e mínima de 131.450,67 pontos, respondendo à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em manter inalterados os juros americanos no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano, conforme esperado, e com presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizando dois cortes nas taxas em 2025.
Somado a isso, o foco fica para o Comitê de Política Monetária (Copom), que define logo mais, após o fechamento, a taxa básica de juros (Selic). A expectativa do mercado se volta para o comunicado com indicações sobre os próximos passos.
O principal índice da B3 subiu 0,78%, aos 132.508,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril teve ganho de 0,90%, aos 134.020 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, afirma que” apesar de o Fed ter colocado expectativa de crescimento menor e um cenário de inflação maior, o que seria péssimo. O que amenizou foi que em seu discurso Powell deu a entender que terá dois cortes de juros esse ano.
Apesar do Fed, Martins diz que “estamos sendo pautados pela possível sinalização do Copom, no comunicado, sobre o fim do ciclo de alta da Selic. Ele [o Copom] pode deixar isso em aberto, sem trazer guidance, e o mercado entender como uma sinalização ou trazer o guidance que na próxima [reunião] tem aumento [da Selic] e depois vai seguir à mercê de dados. Acredito que [o Copom] vai deixar em aberto”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da Rb Investimentos, afirma que “as grandes mensagens são de que existe uma divisão dentro do banco central americano hoje e o que priorizar nesses primeiros efeitos que estão sendo notados da política econômica do Trump-atividade mais fraca ou possivelmente inflação mais alta. Uma parcela relevante acha que a inflação mais alta é o mais importante. Mas, do outro lado, a maioria e muito provavelmente o presidente Powell, estão mais preocupados com a atividade. Acho que eles vão fazer um corte de juros em breve, o que responderia a minoria que acredita que a inflação tem que ser muito bem cuidada, mas de qualquer forma com essa tese de que a atividade está enfraquecendo”.
Mais cedo, Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver, diz que a bolsa sobe impulsionada por capital externo.
“Esse avanço é explicado pelo apetite do gringo, que sai dos EUA preocupado com a estagflação e compra Brasil-que tem preço bom. O longo prazo do Brasil é desafiador, mas o curto está dado- compra barato e logo realiza. Já nos EUA, curto prazo é ruim e longo benigno”.
Em relação ao Copom, Daiane afirma que o comunicado é o mais importante, entender se vai ser pouso suave ou ter mais altas de juros. Acredito em altas [da Selic] graduais e mais leves de 0,25 pp chegando a 15% no final do ano, serão altas graduais e mais leves. A dúvida é de como vai ser o comunicado, se vai seguir ser firme na política monetária ou vai ceder pressão política. Acho que vai ser firme e deixar a porta aberta para novas arrumações.
Quanto ao Fed, head de assessoria de investimentos da Melver diz que as a manutenção das taxas na faixa entre 4,25% e 4,50% “está dada”.
Ela acredita que “o Fed vai ser mais firme e tentando entender como vai ser a resposta da política comercial de Donald Trump. Os dados de inflação e emprego estão pró-redução de juros, mas tem de ver o impacto dessa política comercial”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,44%, cotado a R$ 5,6480. O movimento de queda, que teve início ainda durante a manhã, ganhou força após o FED anunciar a manutenção da taxa básica de juros na banda entre 5,25% e 5,5% e o discurso do presidente da instituição, Jerome Powell.
O mandatário do Fed disse que de fato há um temor de recessão nos Estados Unidos e que grande parte da inflação norte-americana de 2025 será proveniente das tarifas a serem implementadas pelo presidente estadunidense, Donald Trump. Mas a quarta-feira ainda não acabou. A decisão do COPOM sobre a atualização da SELIC será anunciada após as 18h e deve influenciar na abertura da sessão de amanhã (20).
Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, “a decisão do Fed foi em linha com a expectativa do mercado e a maioria dos dirigentes apontam que a taxa de juros deverá cair 1 ponto percentual até o final do ano – que também não é novidade em relação ao que já vinha sendo dito”.
“O que chamou a atenção foi que o comitê manteve a projeção de corte de 50 bps nos juros esse ano, mesmo reduzindo a projeção de PIB e aumentando a expectativa para inflação e taxa de desemprego. Essa sinalização pode embutir as expectativas sobre a política de imigração e comercial, que devem ter impacto negativo na atividade econômica, principalmente pela incerteza no momento inicial e sobre a pressão altista sobre a inflação, com a redução na mão de obra disponível e aumento no preço dos produtos importados”, explica a estrategista de macroeconomia da InvestSmart XP, Sara Paixão.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. A sessão foi marcada pela decisão do Fomc de manter a taxa básica de juros na banda entre 4,25% e 4,5%.
Por volta das 16h31 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,720% de 14,705% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,415%, de 14,420%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,145%, de 14,180%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,140% de 14,195% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, recuperando parte das perdas sofridas desde o final de fevereiro, depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) previu que ainda reduzirá as taxas de juros duas vezes em 2025.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,92%, 41.964,63 pontos
Nasdaq 100: +1,41%, 17.750,8 pontos
S&P 500: +1,07%, 5.675,29 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News