São Paulo -A Bolsa fechou em alta expressiva amparada pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho melhor que o esperado e abrindo espaço para um corte de juros antes do segundo trimestre de 2026.
Somado à perspectiva de redução das taxas em setembro nos Estados Unidos e boa temporada de balanços por aqui. O índice oscilou entre a mínima de 135.629,09 pontos e a máxima de 138.414,25 pontos, mas não conseguiu sustentar o patamar dos 138 mil pontos
Os destaques de alta ficaram para Sabesp (SBSP3) com ganho de 10,60% e BTG (BPAC11) avançou 13,11%. Setor financeiro e varejistas subiam em bloco. Na ponta negativa, as ações da Natura (NATU3) lideraram com queda de 7,97%, após balanço.
As ações da Vale (VALE3) subiram 1,04% com a alta do minério de ferro. Petrobras (PETR3 e PETR4) perdeu força perto do fechamento, mas conseguiu encerrar em alta de 0,51% e 0,26%, respectivamente.
O principal índice da B3 subiu 1,68%, aos 137.913,68 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,9 bilhões. Às 17h15 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em agosto tinha ganho de 1,72%, aos 138.120 pontos. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.
De acordo com a Ativa Investimentos, a alta do Ibovespa “segue o exterior, após a divulgação do IPCA e do CPI, além da trégua tarifária entre os Estados Unidos e China [Donald Trump estendeu por mais 90 dias]”.
Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que os dados de inflação aqui e nos Estados Unidos dão o tom positivo para o mercado.
“Tanto IPCA como CPI estão dando a tônica para a bolsa. Em uma semana de agenda fraca, hoje era o dia de maior destaque. A inflação aqui abaixo das expectativas acaba trazendo conforto maior para ativos de risco- bolsa dispara, curva de juros cai. A pesquisa Focus mostrou mais uma vez [divulgação de ontem] expectativa de redução do IPCA para este ano e 2026, o que traz para o mercado uma precificação de iniciar corte de juros aqui na virada do ano. Lá fora, o CPI veio razoavelmente em linha, mas o mercado está otimista para a retomada para ciclo de corte de juros podendo ser três cortes, a começar pela reunião de setembro”.
Somado aos dados de inflação, Hashimoto destaca a temporada de balanços.
“O BTG veio com resultado melhor que esperado, e Sabesp acima das expectativas. As ações sobem forte, apesar de não terem tanto peso, acabam ajudando. No caso do BTGP, o fluxo é positivo para bancos. A incerteza fica para BB, que divulga os números amanhã (13). Na esteira das commodities, Petro e Vale sobem”.
Sobre o IPCA de julho, Carlos Thadeu, economista de inflação e commodities da BGC Liquidez, disse que o índice veio abaixo das expectativas.
“O momento é benigno para a inflação, porém [o item de serviços] subjacentes deve conter um pouco do otimismo- subiu 0,49% ante esperado de 0,44%]. De maneira geral, o resultado foi bom e mantém o trend de revisões para baixo da inflação”.
Em relação ao CPI, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que a inflação em base anual veio abaixo das expectativas e mensal desacelerou frente a junho.
“A inflação nos Estados Unidos veio 2,7%, contra expectativa de 2,8%. Na mensal, subiu 0,2% desacelerando frente ao mês anterior [0,3% em junho] puxada pelo recuo nos preços de energia. Acredito que o item vestuário foi outro destaque que puxou os preços para baixo- queda de 0,6%- e redução em tarifa aérea, que caiu 2,3% na comparação mensal. De forma positiva, a difusão está um pouco mais branda. Já os medicamentos vieram mais altos, e isso estamos vendo há algum tempo. O item habitação é o grande desafio, mesmo com a aceleração gradual, subiu 0,2% no mês, mas está em 3,7% na comparação anual. Ela representa mais de 60% da alta do núcleo da inflação no mês de julho. Os preços de bens recuaram, ficaram um pouco mais estáveis, enquanto os serviços continuaram subindo, típico de estágio final de ciclo desinflacionário, ainda pós-pandemia. Ela favorece um pouco o corte de juros pelo Fed ainda nesses próximos meses. Acho que teria que estar muito mais alta para gerar desconforto”.
Sobre a inflação americana, em relatório, a Genial Investimentos informou que “apesar do quadro geral de inflação fora da meta (CPI cheio em 2,7% comparação anual e núcleo em 3,1% em termos anuais),o banco central norte americano (Fed) deve retomar o ciclo de corte de juros iniciado no final do ano passado já na próxima reunião de setembro por conta da perda de ímpeto do mercado de trabalho americano, numa decisão que não seria isenta de riscos. Ademais, o repique inflacionário que é esperado por conta da elevação da alíquota média das tarifas de importação não deve impedir pelo menos um corte adicional em outubro ou dezembro”.
Mais cedo, foi divulgado o IPCA , que subiu 0,26% em julho e a projeção era de 0,36%. No acumulado em 12 meses até julho, a alta é de 5,23% contra expectativa de 5,34%.
Nos Estados Unidos, o CPI subiu 0,2% em julho, dentro das estimativas do mercado. Em 12 meses até julho, o índice subiu 2,7%.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,02%, cotado a R$ 5,3872. A sessão foi marcada pela divulgação da inflação norte-americana, que reforçou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) comece a cortar os juros já em setembro.
O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,26% em julho ante junho, acumulando +5,23% em 12 meses até julho. Tanto a comparação mensal quanto o acumulado de 12 meses ficaram abaixo das projeções de 0,36% e 5,34%, conforme dados coletados pelo Termômetro Safras.
Já o Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, subiu 0,2% no mesmo período. O resultado veio em linha com as expectativas do mercado.
“O mercado interpretou o dado de forma benigna, com os índices futuros dos Estados Unidos operando em alta e indicando que o Fed pode manter sua postura cautelosa, mas corroborando a expectativa de cortes de juros a partir de setembro, o que alimenta o otimismo com ativos de risco pela atratividade relativa e a expectativa de um ambiente de negócios mais dinâmico. A leitura sugere que a inflação está desacelerando de maneira gradual, sem justificar uma mudança radical na política monetária, mas afastando parte dos temores de um cenário de estagflação”, contextualizou a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi.
Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, os dados de hoje da inflação, especialmente nos Estados Unidos, corrobora a ideia de que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) deve iniciar o corte dos juros na próxima reunião, em setembro.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. A sessão foi marcada pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio abaixo do esperado e reavivou a esperança de corte de juros.
Por volta das 16h41 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,895% de 14,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,975%, de 14,070%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,210%, de 13,310%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,110% de 13,190% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, depois que um relatório de inflação mais brando do que o esperado aumentou as chances de que o Federal Reserve possa cortar os juros no próximo mês.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,10%, 44.458,61 pontos
Nasdaq 100: +1,39%, 21.681,90 pontos
S&P 500: +1,13%, 6.445,76 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

