São Paulo -A Bolsa fechou em alta pelo segundo dia seguindo, conseguiu se manter no patamar acima dos 139 mil pontos, com a entrada de fluxo estrangeiro e peso da Vale (VALE3) e bancos em dia do anúncio de judicialização do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
O ingresso de capital externo até sexta-feira (27) é de R$ 4,670 bilhões. No acumulado do ano, o saldo estrangeiro é positivo em R$ 25,7 bilhões.
Mais cedo, Jorge Messias, advogado-geral da União, disse que o governo entrará com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do decreto do IOF pelo Congresso.
A Vale (VALE3) subiu 1,34%. O destaque positivo ficou para Embraer (EMBR3) com alta de 4,41% refletindo a venda de 55 jatos do modelo E195-E2 para a Scandinavian Airlines (SAS) no valor de US$ 4 bilhões. Na ponta negativa, Azzas (AZZA3) liderou as perdas em 4,41%.
O principal índice da B3 subiu 0,50%, aos 139.549,43 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 0,45%, aos 141.740 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a entrada de estrangeiros ajuda a Bolsa.
“Em termos de valuation, a Bolsa está barata e acaba atraindo, principalmente, o investidor estrangeiro. Para o estrangeiro não tem nada de especial acontecendo aqui, faz parte do mercado de emergentes, mas o local [investidor doméstico] fica mais reticente, presta atenção nas questões domésticas”.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester investimentos, disse que a bolsa está parada, fiscal doméstico e exterior ficam no radar.
“A bolsa para andar mais teria de romper o topo histórico [140.381,93 interdiário]. existe receio por conta do fiscal. A entrada gigantesca de dólar, nos níveis atuais de juros aqui e nos EUA, tem potencial de carry trade. A alta do Ibovespa a reboque da alta do dólar. Se existem esses embates sendo feitos por via judicial, a via de negociação política foi exaurida. Não acredito em crise institucional, o governo não tem mais solução que seja boa, está sem muito instrumento para trabalhar a questão dos gastos. As falas de Powell fazem preço depois que não cortou os juros e foi criticado por Trump. O mercado olha para a aproximação do 9 de julho [deadiline das tarifas], se vai ter acordo, ainda está tudo preliminar com Japão preliminar, Canadá”.
O dólar comercial fechou a R$ 5,46 para venda, com valorização de 0,48%. Às 17h10, o dólar futuro para agosto tinha alta de 0,34% a R$ 5.494,000. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, recuava 0,13% a 96,74 pontos.
No mercado de câmbio, o dólar reagiu negativamente à judicialização do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), vetado pelo Congresso, e se preocupa como fica a relação entre os três Poderes.
Mais cedo, o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, disse que vai entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o veto pelo Congresso Nacional.
Em entrevista à GloboNews, mais cedo, o ex-governador de São Paulo, João Dória, confirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, disse ontem (30/6) em um jantar em sua casa que a judicialização do IOF “pode ser caminho ruim adotado pelo governo federal para criar um confronto entre poderes, no caso Legislativo e Supremo Tribunal Federal”.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a alta do dólar está atribuída ao cenário doméstico com a questão da judicialização do IOF.”Era uma pauta que preocupava bastante o mercado, e agora teve a confirmação, que é ruim. Em termos fiscais, pode até ser bom porque o governo pode arrecadar mais. Mas, o que acaba prevalecendo é o atrito entre Legislativo, Judiciário e Executivo. Vamos ver, provavelmente, o governo perder qualquer possibilidade de governabilidade. Se o Congresso decidir retaliar [o governo] e começar a votar pautas- bomba, vai ser ruim para o governo, vai ter mais confusão”.
Leonardo Santana, analista da Top Gain, disse que o dólar sobe com preocupações domésticas.”O dólar global está fraco, mas aqui o motivador da alta é a ação do governo em recorrer ao STF para voltar ao decreto que aumenta o imposto. O mercado fica atento se não vai ter uma crise entre o Congresso e o executivo. Acredito ser isso acontecer vai ter uma crise”.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta respondendo à ação da Advocacia Geral da União de judicializar o decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Além disso, pesa o reajuste da tarifa de energia elétrica em São Paulo.
Por volta das 16h26 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,920% de 14,925% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,105%, de 14,095%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,285%, de 13,250%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,085% de 13,070% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, enquanto os investidores realizaram uma rotação fora de ações de tecnologia para iniciar a segunda metade de 2025.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,91%, 44.494,94 pontos
Nasdaq 100: -0,82%, 20.202,89 pontos
S&P 500: -0,11%, 6.198,01 pontos
Dylan Della Pasqua e Darlan de Azevedo / Safras News
