São Paulo -A Bolsa fechou em alta, renovou máxima história no interdiário-144.012,50 pontos-puxada pelo bom humor global com o aumento das apostas para corte de juros nos Estados Unidos, na reunião da semana que vem- nos dias 16 e 17-e mais duas reduções ainda esse ano.
O cenário político local fica no radar. O Supremo Tribunal Federal (STF) já tem maioria para condenar o ex-presidente, Jair Bolsonaro, por golpe de Estado.
Mais cedo, nos Estados Unidos, foi divulgada a inflação ao consumidor (CPI, sigla em inglês), que avançou 0,4% em agosto, acima dos 0,3% previsto pelos analistas.
Já o núcleo do índice de preços ao consumidor, que exclui a variação dos preços de alimentos e energia, subiu 0,3% em agosto, igual ao registrado em julho. Nos 12 meses encerrados em agosto, o núcleo subiu 3,1%, também o mesmo registrado em julho.
Os pedidos de seguro-desemprego semanal subiram para 263 mil, bem acima da estimativa de 235 mil.
O principal índice da B3 subiu 0,56%, aos 143.150,84 pontos. Às 17h30 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançava 0,35%, aos 144.885 pontos. O giro financeiro era de R$ 19,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
As ações da Vale (VALE3) subiram 0,77%. Bancos avançaram em bloco. Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 1,04% e 0,38%. Os papéis sensíveis a juros tiveram boa performance. Magazine Luiza (MGLU3) teve alta de 8%.
Segundo Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, o cenário externo influencia no bom humor dos investidores.
“A expectativa de juros mais baixos nos EUA é um dos fatores que ajudam o Ibovespa a alcançar novo recorde intradiário. Com menores juros no exterior, os ativos de risco se tornam mais atrativos, favorecendo o fluxo de capital para emergentes e aumentando o valor presente dos lucros futuros das empresas”.
O head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital disse que “a Vale e Petrobras tiveram desempenhos distintos no pregão de hoje. O minério de ferro vem se recuperando nos últimos dias, refletindo positivamente nas ações da mineradora, que há algum tempo vinha negociando em níveis atrativos. Já o petróleo em baixa pesa sobre a Petrobras, limitando a valorização de seus papéis”.
As ações da Vale (VALE3) subiam 0,95% e da Petrobras (PETR3 e PETr4) caíam 1,16% e 0,57%.O destaque positivo fica para o mercado interno.
Para Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, os dados de hoje de inflação e seguro-desemprego elevado ratificam o corte de juros nos Estados Unidos em setembro e mais duas reduções das taxas esse ano.
“Os dados corroboram para três cortes de juros, possivelmente de 0,25 ponto porcentual em setembro, outubro e dezembro. Com isso, abre espaço para o Banco Central começar a cortar juros aqui no início do ano que vem. A inflação corrente está persiste, mas expectativa para a de longo prazo está para baixo. O Fed enxerga que com a guerra tarifária, a inflação corrente ficará um pouco mais alta. Mas como a questão das tarifas é passageira, o cenário não muda. O payroll e os dados de atividade nos Estados Unidos estão vindo muito baixo favorecendo o corte de juros”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que “o CPI veio um pouco acima do esperado na comparação mensal e alcançou 2,9% no acumulado de 12 meses, afastando-se cada vez mais da meta de 2%. Esse movimento tende a gerar desconforto dentro do Federal Reserve, já que ocorre em um momento de corte de juros após meses de esforço para controlar os preços. Em abril a inflação estava em 2,3%, após ter recuado de 3% no início do ano, mas desde então voltou a acelerar. No início do ano, parte do mercado projetava que a taxa, hoje em 4,5%, poderia cair para perto de 3% ou 3,5%. Agora imaginar cortes até abaixo de 4% já parece ousado, sobretudo porque não há sinais de deterioração econômica relevante. O mercado de trabalho mostra enfraquecimento, mas mais por redução da oferta de mão de obra, ligada à menor migração legal e ilegal, do que por queda expressiva da demanda. Isso tem levado à criação de vagas em ritmo menor, mas sem disparada do desemprego”.
Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, disse que o CPI de hoje afasta a possibilidade de um corte de juros mais agressivo pelo Fed.
“O dado dificulta a decisão do Fed para a reunião do Fomc na semana que vem, já que o movimento esperado, de corte na taxa de juros, pode resultar em novos aumentos nos preços. Com o contexto geral, de enfraquecimento do mercado de trabalho, a expectativa continua sendo de retomada do ciclo de afrouxamento monetário na próxima reunião, mas a possibilidade de um corte maior, de 0,5pp, fica afastada após esta leitura do CPI, que também amplia dúvidas sobre o ritmo dos cortes futuros”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial comercial fechou em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,3916. A moeda refletiu a expectativa dos cortes de juros iminentes nos Estados Unidos.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o dólar segue o movimento global. “É o fluxo global influenciando na performance do Brasil”.
Para o CEO e economista da Veedha Invetimentos, Rodrigo Marcatti, o movimento de hoje reflete o bom humor do mercado com os dados do CPI, inflando as expectativas para corte dos juros nos Estados Unidos na próxima semana.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o resultado de hoje deveria fazer com que o mercado reduzisse as apostas por um corte inicial de 0,5 ponto percentual na básica de juros estadunidense, mas o que ocorre é o oposto disso.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam majoritariamente em baixa sob impacto dos dados do seguro-desemprego nos Estados Unidos, o que reforçou a aposta para o corte de juros por lá, e a queda nas vendas no varejo no Brasil.
Por volta das 16h47 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,895% de 14,900% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,030, de 13,005%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,285%, de 13,285%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,175% de 13,200% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, já que os investidores avaliaram que a última leitura de um importante indicador de inflação ao consumidor não deve impedir o Federal Reserve de reduzir sua taxa básica de juros na próxima semana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +1,36%, 46.108,00 pontos
Nasdaq 100: +0,72%, 22.043,08 pontos
S&P 500: +0,84%, 6.587,47 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

