São Paulo -A Bolsa terminou a sessão desta terça-feira em alta, renovou máxima histórica no interdiário-147.178,47 pontos e no fechamento, com a indicação de uma aproximação entre Donald Trump e o presidente Lula, após as falas do mandatário americano na Assembleia Geral da ONU.
Esse aceno diminui a percepção de risco diplomático e traz alívio ao mercado. Das 84 ações da carteira teórica, apenas 20 caíram.
As ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) avançaram 2,64% e 1,68%. Os bancos subiam em bloco. O destaque positivo ficou para os papéis da RaiaDrogasil (RADL3), que subiram 3,91%.
Na ponta negativa, a MBRF(MBRF3), da fusão entre a Marfrig e a BRF, estreou na bolsa hoje e liderou a queda em 6,72%
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento no ICL, disse não concordar com o patamar da Selic, em 15% ao ano, mas “não estou no lugar do Galípolo [Gabriel Galípolo, presidente do BC]”. E reforçou que é importante trazer a inflação para o centro da meta.
O principal índice da B3 subiu 0,90%, aos 146.424 pontos. Às 17h15 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em outubro tinha ganho de 0,95%, aos 147.640 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o mercado ficou surpreso sobre as falas de Trump na Assembleia Geral da ONU, principalmente após as sanções de ontem à esposa de Alexandre de Moraes.
“O mercado gostou bastante. A impressão é que a única coisa que poderia estragar a festa seria o Trump, e uma declaração dessa ajuda muito [de que ele e o Lula poderiam se encontrar na semana que vem]. O mercado está ignorando as notícias ruins em relação ao fiscal e eleições”.
Para José Áureo Viana, sócio da Blue3 Investimentos, a ata do Copom marcou o início do pregão, que ganhou força coma as falas de Trump na ONU.
“A ata do Copom não trouxe surpresas, mas o tom duro afastou expectativas de cortes no curto prazo, o que explicou a abertura mais morna. O gatilho do forte movimento veio do noticiário político internacional quando Donald Trump declarou na [Assembleia] ONU que teve uma excelente química com Lula, o abraçou e confirmou um encontro na próxima semana. Do lado de Lula, o discurso reafirmando a defesa da democracia e críticas a sanções unilaterais foi lido como esperado. A combinação das falas ajudou a criar um ambiente de alívio, reforçando a percepção de estabilidade institucional no curto prazo”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o mercado reage positivamente à fala de Donald Trump na Assembleia Geral da ONU.
“A fala do Trump é muito bem recebida pelo mercado financeiro por conta do efeito negativo que vemos em vários setores que já não estão exportando [para os EUA] como gostariam ou já nem vendem para o país americano desde que as tarifas de 50% foram aplicadas ao Brasil. as taifas estão sendo aplicadas em 50%. O presidente Lula sai forte porque ele não voltou atrás na sua posição, e quem teve de recuar foi Trump”.
Patrick Buss, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a perspectiva de corte de juros, Petrobras e bancos ajudam na alta da bolsa.
“A bolsa pode renovar as máximas por conta dessas perspectivas positivas de redução de juros, apesar de o Copom não ter reduzido a Selic. A ata [do Copom] deixou claro é necessário melhores movimentações do governo em relação fiscal para que aconteça a redução de juros. Apesar de a Petrobras estar retornado ao patamar do dia 18, o peso que a ação tem no Ibovespa ajuda a puxar o índice. O Bradesco sobe forte com perspectivas de bons resultados e acaba carregando os outros, à exceção de Banco do Brasil que o mercado tem mais cautela devido às sanções [de Trump] e ao agronegócio”.
A Sul America Investimentos avaliou que a ata do Copom, publicada mais cedo, “trouxe sinais de melhora no cenário econômico, reforçando a leitura do BC de desaceleração da atividade. No entanto, não detalhou possíveis revisões no hiato do produto, tema que deve aparecer no Relatório de Política Monetária da próxima quinta-feira (25)”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1.11%, cotado a R$ 5,2775. Além do intenso fluxo estrangeiro, a sessão foi marcada pelo aceno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Lula, dizendo que irá conversar com o chefe do executivo brasileiro na próxima semana.
De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura, além do fluxo estrangeiro, o movimento de hoje reflete otimismo de que o Fed promova mais dois cortes dos juros ainda em 2025: “Real está em linha com as emergentes”.
Komura diz que o aceno de Trump animou o mercado: “Este era um cenário que ninguém acreditava. Tem um potencial muito alto para os ativos brasileiros. A gente ficou para trás vs emergentes nos últimos meses”.
Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O movimento de hoje refletiu as sinalizações de Donald Trump para um encontro com presidente Lula na próxima semana.
Por volta das 16h43 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,890% de 14,895% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 13,985%, de 14,050%, o DI para janeiro de 2028 ia a 13,225%, de 13,355%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 13,130% de 13,260% na mesma comparação. O dólar caía 1,03%, cotado a R$ 5,2815.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, interrompendo o ciclo recente de ganhos, em meio a dúvidas sobre a sustentabilidade da alta impulsionada pela inteligência artificial, o que deixou investidores cautelosos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,19%, 46.292,78 pontos
Nasdaq 100: -0,95%, 22.573,47 pontos
S&P 500: -0,55%, 6.656,92 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

