São Paulo – O Banco da Inglaterra (BoE) reduziu nesta quinta-feira sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 4%, citando a continuidade da desinflação e a fraqueza da atividade econômica. A decisão, tomada por maioria estreita de 5 votos a 4, foi divulgada junto com a ata da reunião encerrada em 6 de agosto.
Segundo o comunicado oficial, “houve uma desinflação substancial nos últimos dois anos e meio”, o que permitiu cortes graduais nos juros desde o ano passado. Ainda assim, o Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) alertou que “os riscos de alta em torno das pressões inflacionárias de médio prazo aumentaram ligeiramente desde maio”.
A inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu para 3,6% em junho e deve atingir um pico de 4,0% em setembro, pressionada por preços de alimentos, energia e itens administrados. O banco reconhece que “a inflação deverá recuar posteriormente em direção à meta de 2%”, mas mantém a cautela. “O Comitê permanece focado em eliminar quaisquer pressões inflacionárias persistentes, existentes ou emergentes”, afirmou o texto.
Apesar da queda recente no crescimento salarial – com avanço anual abaixo de 5% – o MPC observa que a inflação de serviços se manteve elevada, próxima de 4,7%, e que “a moderação contínua no crescimento dos salários provavelmente se refletiria em uma menor inflação dos preços de serviços, embora esse processo possa levar tempo”.
Sobre a atividade econômica, a avaliação do banco é que “o crescimento subjacente do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido permaneceu contido, consistente com uma flexibilização contínua e gradual do mercado de trabalho”. A ata mostra que os membros analisaram a abertura de capacidade ociosa na economia e o aumento gradual da taxa de desemprego, o que deve reduzir pressões inflacionárias internas.
A decisão final resultou de uma votação dividida. Quatro membros defenderam manter os juros em 4,25%, com o argumento de que “o processo de desinflação havia desacelerado e o risco de as expectativas de inflação alimentarem efeitos de segunda ordem havia aumentado”. Outros quatro votaram por cortar 0,25 ponto percentual, enquanto um membro – inicialmente favorável a um corte de 0,5 ponto – aderiu ao consenso mínimo para formar maioria.
Ainda que o Comitê tenha reduzido os juros, reforçou que seguirá com cautela. “Uma abordagem gradual e cuidadosa para a retirada adicional da política monetária continua sendo apropriada”, disse o comunicado. “A política monetária não segue um caminho predefinido, e o Comitê permanecerá atento ao acúmulo de evidências.”
A ata também destaca que “as expectativas de inflação para empresas e famílias permaneceram elevadas” e que fatores temporários, como “mudanças nos preços administrados” e “problemas de oferta de certos itens alimentares”, continuam influenciando os índices de preços.
Mesmo diante de uma leve melhora nas condições financeiras globais e da redução de incertezas comerciais com os Estados Unidos, o MPC reiterou que “o momento e o ritmo das futuras reduções na restritividade da política dependerão da extensão em que as pressões desinflacionárias subjacentes continuarem a diminuir”.

