Em reunião nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra (BoE) decidiu manter a taxa de juros inalterada em 4%. Entre os membros do Comitê de Política Monetária (MPC), a decisão foi tomada por maioria de 7 a 2, com dois membros defendendo um corte de 0,25 ponto percentual. Paralelamente, também por maioria de 7 a 2, o MPC aprovou a redução do estoque de títulos públicos britânicos em poder do banco em 70 bilhões de libras ao longo dos próximos 12 meses, levando o total para 488 bilhões de libras, dentro do processo de aperto quantitativo (QT).
O comitê ressaltou que a inflação ao consumidor (CPI) ficou em 3,8% em agosto e deve apresentar uma alta temporária para 4% em setembro, antes de recuar gradualmente rumo à meta de 2% no médio prazo. O avanço da desinflação ao longo dos últimos dois anos, apoiado pela política monetária restritiva, permitiu cortes na taxa de juros durante 2025, mas o banco central continua cauteloso diante da persistência de pressões em preços de serviços e alimentos.
Sobre o mercado de trabalho, a ata da reunião, que foi divulgada junto com a decisão, destacou sinais de arrefecimento, com crescimento salarial ainda elevado, embora em queda. A expectativa é de desaceleração mais acentuada até o fim do ano, o que ajudaria na redução da inflação de serviços. O MPC ponderou, contudo, que um repique provisório da inflação pode reacender pressões salariais e de preços, exigindo vigilância.
A atividade econômica do Reino Unido segue contida, com crescimento do PIB de apenas 0,3% no segundo trimestre, embora acima das projeções. O mercado de trabalho vem apresentando folga gradual e a confiança empresarial permanece baixa, com expectativa de recuperação mais clara apenas em 2026. O MPC avaliou também os riscos externos, como as incertezas em torno da política comercial dos Estados Unidos, além de tensões geopolíticas que podem prejudicar a atividade global.
No campo financeiro, as condições de crédito no Reino Unido ficaram ligeiramente mais apertadas desde a última reunião, refletindo a trajetória esperada para a taxa de juros e movimentos nos mercados globais. Apesar disso, o MPC reiterou que a política não segue um caminho pré-determinado e futuras decisões dependerão da evolução dos dados, especialmente da confirmação de que as pressões inflacionárias estão de fato se dissipando.
A decisão sobre o QT foi marcada por divergências internas: enquanto a maioria votou por reduzir o estoque em 70 bilhões de libras, um membro preferiu manter o ritmo anterior de 100 bilhões de libras e outro defendeu uma redução mais modesta, de 62 bilhões de libras. A escolha da maioria refletiu a intenção de calibrar o aperto de forma gradual e previsível, evitando disfunções no mercado de dívida pública.

