Porto Alegre, 21 de março de 2025 – O mercado brasileiro de feijão preto manteve baixa liquidez ao longo da semana, refletindo uma demanda enfraquecida e estoques elevados. Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, as indicações de preço permaneceram entre R$ 190 e R$ 220/saca FOB nas principais regiões produtoras, sem sinais de recuperação no curto prazo.
“A retração na demanda restringiu as transações e limitou reajustes positivos, levando algumas regiões a praticar descontos na tentativa de estimular a comercialização”, apontou.
De acordo com Oliveira, a proximidade da colheita da segunda safra pressiona o mercado, pois o aumento da oferta pode impactar os preços se o escoamento seguir lento. “No entanto, a valorização do feijão carioca ampliou a diferença de preços entre as variedades para cerca de 20%, podendo incentivar o consumo de feijão preto e aliviar a demanda”, disse.
Segunda safras 2024/25
A área cultivada com feijão segunda safra em 2024/25 no Brasil será reduzida em 5,11%, passando de 1,53 milhão para 1,45 milhão de hectares. A estimativa parte do analista Oliveira.
Ele apontou que o Sul deve registrar as maiores quedas, com destaque para o Rio Grande do Sul com queda de 40,2% e o Paraná com baixa de 17,8%, afetando diretamente a produção. Em contrapartida, o Centro-Oeste seguirá em expansão, com aumento de 6,8% na área e 14,2% na produção.
Oliveira destacou que mesmo com a redução da área plantada, a produtividade média nacional pode crescer 2,16%. Os rendimentos devem chegar a 1.031 quilos por hectares, o que limita a queda na produção total, estimada em 1,497 milhão de toneladas (-3,07%).
Feijão carioca
Conforme Oliveira, o mercado de feijão carioca começou a semana com rápida absorção da oferta, mas enfrentou resistência dos compradores diante das tentativas de aumento de preços pelos corretores.
“A escassez de feijão extra de alta qualidade segue crítica, mantendo o viés de alta. Lotes armazenados em câmara fria permaneceram entre R$ 240 e R$ 260/saca FOB, enquanto na Zona Cerealista de São Paulo, as indicações oscilaram entre R$ 305 e R$ 310/saca CIF, sem negócios concretizados”, afirmou.
O consultor também relatou que as empacotadoras continuam pressionadas a recompor estoques, o que sustenta os preços. A comercialização do feijão extra ocorre principalmente via amostras, refletindo a seletividade dos compradores. Lotes nota 7,5 e 8 foram negociados entre R$ 190 e R$ 210/saca FOB Minas Gerais, enquanto os de melhor qualidade (nota 8,5 e 9) atingiram R$ 250 a R$ 280/saca FOB.
Por fim, o analista indiciou que ao longo da semana, a limitação da oferta e a cautela dos vendedores evitaram correções negativas mais acentuadas. Com a expectativa de aumento da colheita da segunda safra em abril, o mercado permanece atento à dinâmica entre oferta e demanda. “No curto prazo, espera-se estabilidade, com viés de valorização devido à baixa disponibilidade do feijão extra”, estimou.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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