Pelotas, 19 de fevereiro de 2025 – O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) revisou para cima a estimativa da área semeada com arroz no Rio Grande do Sul no primeiro dia da 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas. O evento acontece até esta quinta-feira (20) na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, e conta com a cobertura in loco da Safras News.
A diretora técnica do órgão, Flávia Tomita, em entrevista exclusiva à agência, explicou que a projeção inicial, divulgada durante a Expointer de 2024, apontava um aumento de 5,3% na área plantada. No entanto, o monitoramento semanal conduzido pela equipe de extensão revelou que a semeadura se estendeu até janeiro, elevando esse percentual para 7,8%.
“O atraso no plantio ocorreu principalmente na Região Central, afetada pelas enchentes do ano passado, o que exigiu mais tempo para a recuperação do solo e do sistema de irrigação. Além disso, o excesso de chuvas na época da semeadura levou alguns produtores a optarem pelo arroz em vez da soja, que é mais sensível ao estresse hídrico”, disse Tomita.
Ela também apontou o fator econômico como influência nessa decisão, já que a soja enfrenta preços baixos, enquanto o arroz apresenta melhor rentabilidade.
A diretora técnica destacou que a semeadura tardia pode impactar a produtividade das lavouras. Segundo dados do projeto Bioclima, que acompanha cultivares ao longo do tempo, há uma perda gradual de produtividade para cada semana de atraso após 15 de novembro.
Sobre os riscos climáticos para a próxima safra, a meteorologista do Irga, Jossana Cera, aponta indícios de um El Niño mais fraco, mas ainda sem confirmação definitiva. No momento, a preocupação principal do instituto é com a colheita, que será prolongada devido ao plantio tardio. Atualmente, há áreas recém-semeadas e outras já em colheita, e o desafio agora é evitar chuvas que possam dificultar a retirada do arroz.
A colheita, que já teve início, deve se estender até o final de abril, acompanhando o ciclo mais longo da semeadura neste ano.
Safra maior pressiona preços
De acordo com o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira,
a atualização da estimativa do Irga pode representar quase meio milhão de toneladas a mais na produção, considerando a produtividade média de 8.500 quilos por hectare.
“Com essa oferta maior, o piso esperado para os preços do arroz caiu de R$ 85–R$ 95 para cerca de R$ 80 por saca ou menos, aumentando a pressão sobre os produtores”, afirmou.
Diante desse cenário, conforme Oliveira, a necessidade de exportação se torna ainda mais relevante. Ele estima que possa exigir um volume superior à meta inicial de 2 milhões de toneladas.
Ritiele Rodrigues – ritiele.rodrigues@safras.com.br (Safras News)
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