Porto Alegre, 9 de agosto de 2024 – O mercado brasileiro de feijão carioca iniciou a semana com um volume razoável de negócios, sinalizando uma leve melhora no fluxo de negociações. No entanto, conforme destacou Evandro Oliveira, analista e consultor da Safras & Mercado, as vendas ainda ficaram aquém das expectativas, mesmo em um período que tradicionalmente apresenta uma melhor comercialização.
Oliveira observou que a antecipação de corretores ao reajustar as cotações para acompanhar um mercado mais ativo não teve o efeito desejado. Embora as negociações tenham sido concentradas em feijões de alta qualidade, os preços significativos para feijões extra nota 9,5 e 9 foram de R$ 265,00 e R$ 245,00 por saca, respectivamente, mas o volume escoado ainda foi limitado.
“Na metade da semana, o mercado enfrentou desafios adicionais, com volumes ofertados não expressivos e negociações restritas a mercadorias comerciais. Os produtores, embora inicialmente retraídos, começaram a demonstrar disposição para negociar com os preços atuais, principalmente em função da expectativa de escoamento até o final da semana. No entanto, os compradores, sem urgência de reabastecimento, mantiveram as cotações firmes, criando um cenário de complexidade devido ao baixo volume ofertado, principalmente de feijões intermediários nota 8 e 8,5”, relatou.
De acordo com o analista, ao longo da semana, o mercado permaneceu travado, enfrentando dificuldades na zona cerealista e um contexto de abastecimento gradual. Corretores estão lidando com incertezas na definição de preços, enquanto os valores nas lavouras estão se aproximando dos custos de produção, variando entre R$ 180,00 e R$ 230,00 por saca, dependendo da qualidade. Oliveira ressalta que será essencial adotar estratégias flexíveis e promover negociações ativas para tentar movimentar um mercado cada vez mais desafiador, especialmente com a intensificação da colheita da safra irrigada e a espera por melhores volumes de chuva nas regiões de sequeiro.
Feijão preto
Durante a semana, o mercado de feijão preto manteve a firmeza nos preços, com o setor de vendas insistindo em cotações elevadas para feijões de qualidade extra. Segundo Oliveira, o preço máximo ofertado para os melhores padrões encontrou resistência em ultrapassar a marca de R$ 290,00 por saca, apesar de três cargas disponíveis a esse valor. A falta de amostras de feijões de qualidade comercial no mercado adiciona um nível de complexidade, embora os compradores conheçam as fontes e corretores que operam com esses padrões. Para superar essa hesitação, os corretores estão promovendo negociações via embarque, uma estratégia que permite maior flexibilidade nos preços e facilita a concretização de negócios.
“A demanda continua inativa, mantendo os preços em patamares semelhantes e impedindo uma reação mais vigorosa do mercado. Tentativas dos corretores em solicitar até R$ 300,00 por saca não tiveram sucesso, resultando em um mercado estagnado. Apesar disso, os detentores de feijão preto permanecem firmes em suas pedidas, com valores ainda variando entre R$ 290,00 e R$ 300,00 por saca, dependendo da qualidade do grão. A exposição limitada de amostras de qualidade inferior torna ainda mais difícil a definição de preços precisos”, explica o analista.
De acordo com ele, embora tenha tido uma leve melhora na procura pela variedade, o mercado continua enfrentando desafios devido aos preços pouco atrativos para os compradores. No pós-pregão, alguns negócios foram fechados a R$ 280,00 por saca para produtos de boa qualidade, mas sem impulso suficiente para uma movimentação significativa. A combinação do excedente da segunda safra e da demanda enfraquecida contribui para a dificuldade de reação nos preços.
“Mesmo com esse cenário de baixa liquidez, as cotações devem se manter sustentadas, principalmente devido à forte desvalorização do real frente ao dólar, o que aumenta o interesse pelo grão nacional e dificulta a entrada de produtos importados”, completa.
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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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