Aperto da oferta global favorece exportações de trigo pelo Rio Grande do Sul

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Porto Alegre, 13 de maio de 2022 – A movimentação do mercado interno de trigo foi lenta nesta semana. Para exportações, no entanto, houve registro de negócios fechados com o grão do Rio Grande do Sul para embarques em dezembro de 2022 e em janeiro do ano que vem.

Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a forte alta das cotações internacionais e a recente valorização do dólar em relação ao real seguem servindo de argumentos para elevação das pedidas no mercado brasileiro. O relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe números que mantêm a expectativa de mais uma temporada de aperto no quadro global e norte-americano.

“Com isso, a demanda pelo trigo brasileiro por parte de compradores internacionais deve continuar”, salientou. Já os moinhos brasileiros devem ingressar no mercado por importações em breve, uma vez que os lotes remanescentes da safra velha não devem ser suficientes para a manutenção do ritmo de moagem durante toda a entressafra.

Importação mais barata

O destaque da semana foi o anúncio, na quarta-feira, da redução do imposto sobre a importação de trigo, de farinha de trigo e de derivados, a zero. A medida adotada pelo Ministério da Economia visa controlar a inflação sobre os alimentos.

Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, a medida é positiva e deve reduzir em aproximadamente 9% o custo de importação. Em entrevista exclusiva à Agência SAFRAS, o dirigente disse que vê um “componente político” na postura do presidente Jair Bolsonaro em relação setor. Para ele, ainda que esteja mirando as eleições, a preocupação com o trigo é “bem-vinda”.

De qualquer maneira, Barbosa lamentou que o governo não tenha levado adiante, em 2019, a Política Nacional do Trigo, apresentada pela Abitrigo ao Ministério da Agricultura. “O setor precisa do apoio do governo para uma série de demandas. Infelizmente, não houve um pensamento estratégico de médio e longo prazo; cuida-se sempre dos problemas imediatos, que aparecem em épocas de crise como a pandemia e a guerra na Ucrânia”. Os acontecimentos dos últimos dois anos expuseram uma “vulnerabilidade inaceitável” na segurança alimentar do Brasil, o que justifica, conforme o dirigente, a volta do debate sobre a busca pela autossuficiência brasileira na produção do trigo.

Conab

A produção brasileira de trigo em 2022 deverá ficar em 8,13 milhões de toneladas, segundo o oitavo levantamento para a safra brasileira de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), contra 7,68 milhões de toneladas do ano anterior. Em março, a previsão era de 7,91 milhões de toneladas. A Conab indica uma área plantada de 2,82 milhões de hectares, contra 2,74 milhões do ano anterior. A produtividade está projetada em 2.881 quilos por hectare, acima de 2.803 quilos de 2021.

Paraná

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que o Paraná segue no cultivo da safra 2022 de trigo. Até agora, 26% da área de área estimada de 1,167 milhão de hectares, contra 1,225 milhão de hectares em 2021, queda de 5%. No dia 2 de maio, o plantio atingia 13% da área. A safra 2022 de trigo do Paraná deve registrar uma produção de 3,859 milhões de toneladas, 20% acima das 3,208 milhões de toneladas colhidas na temporada 2021.

USDA

No mercado internacional, o destaque da semana foi a divulgação das primeiras projeções para a safra 2022/23 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O documento indicou manutenção do aperto global da oferta na próxima temporada. Como reflexo, os preços dispararam cerca de 6% em Chicago, na quinta-feira, atingindo, nesta sexta, o maior patamar desde 8 de março.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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