Porto Alegre, 16 de abril de 2025 – A próxima safra deve ter adubação fosfatada mais cara. A projeção é da analista da Safras & Mercado, Maísa Romanello, em palestra durante o segundo dia da 9ª Safras Agri Week – evento promovido pela consultoria e transmitido pelo YouTube.
Segundo Romanello, os preços dos fosfatados seguem elevados desde o segundo semestre do ano passado. O MAP, por exemplo, não registrou quedas e teve novos aumentos nos últimos dias, com o preço CFR para o Brasil subindo de US$ 660 para US$ 680.
“A esperada redução de preços não se confirmou, principalmente devido à restrição das exportações chinesas, que deve continuar. A China, que poderia voltar ao mercado em abril, não deu sinais de retomada, o que mantém a oferta limitada e dificulta as compras por parte de Brasil e Índia, sustentando os preços em patamares elevados e pressionando os custos de produção no país”, explicou.
A analista indicou fertilizantes que oferecem maiores volumes de fósforo com custo mais vantajoso em relação ao MAP como uma alternativa para minimizar esses custos. Outro ponto essencial, conforme ela, é o monitoramento da relação de troca – disponível na plataforma Safras – que permite comparar o preço da commodity com o custo dos insumos.
“Atualmente, o milho oferece boas oportunidades, e o café apresenta a melhor relação de troca devido aos bons preços. Já o arroz enfrenta um cenário desfavorável, impactado pelo preço baixo da commodity. Acompanhar essa relação é fundamental para identificar momentos mais vantajosos de compra”, apontou.
Romanello destacou que, diante da escassez de oferta e da falta de sinalização de exportações por parte da China, não há expectativa de queda nos preços dos fosfatados no curto e médio prazo. “O MAP continua acima de US$ 600, e o Brasil busca alternativas em outras origens, mas enfrenta dificuldades devido ao alto custo e às relações de troca desfavoráveis”, afirmou.
Para mitigar o impacto dos preços elevados, é essencial ficar atento a possíveis quedas no dólar, o que pode reduzir o valor do MAP em reais. Além disso, outras fontes de fosfatados, como SuperTriplo e SuperSimples, vêm sendo mais procuradas por oferecerem um custo por fósforo mais competitivo. A tendência é de que o desequilíbrio entre oferta e demanda persista nos próximos meses.
Nitrogenados e potássicos
Nos nitrogenados, Maísa relatou que a ureia tem se mostrado bastante volátil, com a Índia liderando o mercado por meio de grandes licitações de compra, o que tem provocado oscilações nos preços. “O setor aguarda os próximos desdobramentos dessas negociações”, afirmou.
De acordo com Romanello, os preços do cloreto de potássio atingiram o piso em novembro e, desde então, têm subido significativamente, impulsionados pela demanda aquecida do Brasil. A tendência é de novas altas, com o Brasil importando grandes volumes.
“Inicialmente, o foco do mercado global estava na demanda do Hemisfério Norte, devido aos plantios de primavera, mas com essa demanda finalizada, a atenção se volta para o Brasil e a Índia, que concentrarão as compras nos próximos meses, especialmente o Brasil no segundo semestre. Essa forte demanda deve manter os preços em alta nas próximas semanas e meses”, estimou.
No mercado interno, as oscilações cambiais estão dificultando o posicionamento do Brasil nas importações. As fortes variações cambiais recentes travaram negócios e afetaram os preços internos, que acompanham o dólar, devido ao grande volume de importações no país. Além disso, é necessário observar as relações de troca, considerando as cotações das commodities agrícolas.
Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Safras News
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