Ampla oferta global pesa sobre Chicago, mas necessidade segura cotações domésticas de soja

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Porto Alegre, 1 de março de 2024 – Apesar da pressão externa, os preços da soja no Brasil não caíram na mesma proporção que os contratos futuros em Chicago no mês de fevereiro. Diante da necessidade dos compradores, o produtor segurou a oferta e conseguiu negociar melhor nos períodos de pico. Aparentemente, o vendedor já se conformou com os preços praticados e a comercialização ganhou ritmo.

A saca de 60 quilos abriu o mês a R$ 120,00 em Passo Fundo (RS) e fecohou a R$ 114,00. Em Cascavel (PR), o preços subiu de R$ 107,00 para R$ 108,00. Em Rondonópolis (MT), a cotação teve elevação, passando de R$ 103,50 para R$ 105,00 no período.

No Porto de Paranaguá, a saca caiu de R$ 117,00 para R$ 116,00. Os prêmios de exportação seguem negativos, mas melhoraram diante da presença, ainda que pontual, da China na ponta compradora. Houve uma melhora na atividade nos portos para embarques entre abril e junho.

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em maio tiveram desvalorização acumulada de 7,5%, fechando fevereiro a US$ 11,40 3/4 por bushel. Mesmo com alguns movimentos de correção técnica ao longo de fevereiro, o balanço foi extremamente negativo, com os preços sentindo a pressão exercida pelo cenário fundamental.

Os problemas climáticos reduziram a safra brasileira, mas não o suficiente para resultar em recuperação externa. A safra brasileira está estimada em 149 milhões de toneladas por Safras & Mercado, contra indicações iniciais que batiam em mais de 160 milhões de toneladas.

Em contrapartida, após ser fortemente atingida pelo clima no ano passado, a produção argentina se recuperou na atual temporada. Sem em 2023, foram colhidas cerca de 20 milhões de toneladas, neste ano a expectativa é de que entre no mercado mais de 50 milhões de toneladas.

Completando o cenário fundamental negativo, a demanda está cada vez mais escassa nos Estados Unidos. E as sinalizações para a temporada 2024 são de aumento de área, produção e estoques, mantendo a oferta global bem elevada.

Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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