São Paulo, 15 de maio de 2025 – A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para cima sua projeção de crescimento da demanda global por petróleo em 2025, impulsionada pela queda dos preços da commodity e por um impacto menos severo das tarifas comerciais dos Estados Unidos sobre a economia global. Segundo relatório publicado nesta quinta-feira, a demanda deve crescer 741 mil barris por dia neste ano, acima dos 726 mil previstos anteriormente, atingindo uma média de 103,9 milhões de barris por dia. Para 2026, a estimativa é de um aumento de 760 mil barris por dia.
Apesar da revisão, as previsões da AIE continuam substancialmente abaixo das da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que projeta crescimento de 1,3 milhão de barris por dia tanto neste ano quanto no próximo.
A AIE também ajustou sua expectativa de crescimento econômico global, agora estimado em 2,8% para 2025 e 2026. Embora o número represente uma melhora em relação à projeção anterior, ele ainda está cerca de meio ponto percentual abaixo dos níveis do início do ano, reflexo das incertezas políticas persistentes que afetam o humor de consumidores e empresas.
No mercado, o petróleo opera em queda diante do otimismo renovado sobre um possível acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã, além do aumento recente nos estoques de petróleo bruto norte-americanos.
Na outra ponta, o alívio nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China no início da semana, com a suspensão mútua de tarifas por 90 dias, impulsionou momentaneamente os preços, que vinham de mínimas recentes. No entanto, a incerteza sobre os próximos passos nas negociações continua a limitar o fôlego do mercado.
A oferta global de petróleo deve continuar em expansão. A AIE projeta um aumento de 1,6 milhão de barris por dia em 2025 e 970 mil barris por dia em 2026, uma revisão para cima em relação ao relatório anterior. A alta será liderada por países fora da aliança Opep+, como China, Canadá e Brasil, cuja produção deve crescer 1,3 milhão de barris por dia neste ano. Para 2026, contudo, a estimativa foi reduzida para 820 mil barris por dia, em razão do impacto da queda nos preços sobre a produção de xisto nos Estados Unidos.
Os preços mais baixos do petróleo levaram alguns produtores de xisto a cortar gastos e níveis de atividade, observou a AIE.
Já a Opep+, responsável por mais da metade da produção global de petróleo, deve ampliar sua oferta em 310 mil barris por dia em 2025 e outros 150 mil em 2026. A aliança decidiu acelerar os aumentos de produção pelo segundo mês consecutivo em junho, o que levanta preocupações quanto a um potencial excesso de oferta no horizonte.
Ainda assim, a AIE aponta que apenas a Arábia Saudita teria capacidade de elevar significativamente sua produção no curto prazo. Ao mesmo tempo, sanções mais rígidas dos Estados Unidos sobre Venezuela e Irã podem mitigar parte do excedente. Em abril, a produção iraniana permaneceu estável apesar da pressão internacional, mas a da Venezuela caiu 130 mil barris por dia em relação ao mês anterior, segundo a agência.
Larissa Bernardes – larissa.bernardes@cma.com.br (Safras News)
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