Porto Alegre, 7 de agosto de 2020 – O clima é o principal ponto de atenção do mercado brasileiro de trigo. Conforme o analista e consultor de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, as condições meteorológicas no Brasil e na Argentina são essenciais para a formação de preços do grão no cenário interno.
A safra brasileira 2020 está em fase de desenvolvimento, com a colheita prevista para iniciar no final de agosto no Paraná e em outubro no Rio Grande do Sul. Assim, a expectativa é de que a entrada da oferta no mercado comece a pressionar uma queda nos preços de referência a partir de setembro. Os produtores argentinos enfrentam o clima seco preocupante, mas a expectativa segue de uma safra cheia no país.
Paraná
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, as lavouras tiveram uma leve piora no quadro de desenvolvimento ao longo da semana. Nesse momento, 88% das lavouras de trigo do estado estão em boas condições, 10% em situação média e 2% em condições ruins. As lavouras se dividem entre as fases de crescimento vegetativo (36%), floração (34%), frutificação (26%) e maturação (4%).
O plantio da safra 2020 de trigo do estado foi estimado em 1,133 milhão de hectares, contra 1,028 milhão de hectares em 2019, alta de 10%.
A produção deve ficar em de 3,686 milhões de toneladas, 72% acima das 2,141 milhões de toneladas colhidas na temporada 2019. A produtividade média é estimada em 3.252 quilos por hectare, acima dos 2.205 quilos por hectare registrados na temporada 2019.
O gerente de suprimentos do Moinho Globo, Rui Souza, acredita que a safra de trigo do Paraná pode ser recorde em 2020. Segundo ele, as lavouras semeadas com a cultura neste ano são as melhores nos últimos dez anos. Ele crê que o estado pode superar o maior volume produzido na história, em 2014 – 3,79 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).
Rio Grande do Sul
As lavouras de trigo do Rio Grande do Sul entraram em fase de floração. Segundo boletim semanal da Emater/RS, 2% estão nesta fase mais avançada, enquanto 98% ainda estão em desenvolvimento vegetativo ou germinação. O desenvolvimento está de acordo com a média dos últimos cinco anos, mas, em igual momento do ano passado, 3% das lavouras já estavam em floração.
A semana iniciou com a ocorrência de chuvas de média a baixa intensidade e temperaturas mais baixas; na segunda metade, a elevação das temperaturas e o predomínio de sol no estado favoreceram o desenvolvimento do trigo. As geadas ocorridas em algumas localidades não afetaram significativamente os cultivos.
“Não se surpreendam se o Rio Grande do Sul entregar ao mercado mais de 3 milhões de toneladas em 2020”, disse o presidente da Câmara Setorial de Culturas de Inverno do RS, Hamilton Jardim. O dirigente acredita, também, numa área surpreendente superior a 930 mil hectares. Jardim falou em evento online realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo) para debater a safra 2020.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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