Porto Alegre, 18 de fevereiro de 2025 – O governo federal anunciou, nesta terça-feira (18), que optou por postergar a elevação do percentual de biodiesel no diesel comercializado nos postos de combustíveis. Com a medida, a proporção de biodiesel permanecerá em 14%, ao invés de subir para 15% no dia 1o do próximo mês, como estava previsto. A decisão foi tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
A análise do governo é que o acréscimo de 1 ponto percentual na mistura poderia influenciar o custo do combustível e, consequentemente, o preço dos alimentos.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Gabriel Castagnino Viana, o Brasil já teria uma queda natural nos preços internos de óleo de soja e do grão, por conta da entrada da safra e o avanço significativo na colheita, que sofria com atrasos. “Esse adiamento do B15 vai causar uma pressão ainda maior, principalmente no óleo de soja. O cenário deve acabar invertendo o quadro que tínhamos antes, que era de preços firmes”, explica.
“Isso não quer dizer que a tendência das cotações era de subir, todo o complexo da soja iria cair com o avanço da colheita. Contudo, o óleo de soja ia ser sustentado um pouco mais por conta desta demanda do setor de biodiesel a partir de 1o de março”, ressalta Viana.
Com a expectativa de uma queda ainda maior no óleo de soja, o farelo de soja deve acabar se beneficiando. O analista explica que parte da indústria vai entregar menos esmagamentos do grão para efetuar entregas de óleo de soja para o setor de biodiesel, o que pode resultar em um aumento nos custos da nutrição animal, impactando também os preços da carne.
Por fim, Viana conclui que o Brasil teria que exportar mais. Contudo, aumentar as exportações pode ser um desafio complicado por conta da previsão de uma safra cheia na Argentina, apesar dos problemas de déficit hídrico enfrentados pelo país, devido a incentivos econômicos que devem impulsionar os envios argentinos.
Pedro Diniz Carneiro – pedro.carneiro@safras.com.br (Safras News)
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