Porto Alegre, 11 de setembro 2020 – A Organização Internacional do Açúcar (OIA) divulgou seu relatório trimestral de mercado no início de setembro, com números considerados surpreendentes por muitos operadores. Em maio, a entidade previa que temporada 2019/20, que será encerrada em setembro, teria um déficit de 9,298 milhões de toneladas, mas cortou a estimativa para um déficit de apenas 136 mil toneladas.
No entanto, em Live no Instagram realizado nesta tarde, o analista de SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, disse que os números não foram surpreendentes. “O relatório não foi surpresa para quem nos acompanha. Desde maio alertávamos, a partir dos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, bem mais pessimistas que o déficit de oferta seria neutralizado”, disse Muruci.
Segundo Muruci, deve-se exaltar que o USDA inclusive aponta para um superávit de oferta em 2020/21, ao contrário da OIA. “Há uma recuperação muito evidente nos números de oferta na Ásia, com chuvas de monção acima da média que irão garantir safras grandes em 2021”, salientou.
Conforme o analista, na verdade os números da OIA não impactaram em nada as cotações futuras em Nova York, ao contrário do noticiado. “Os preços já vinham em baixa desde maio. As chuvas de monção na Ásia, que começaram em junho, estão 40% acima da média histórica. Isso vai garantir uma produção na Índia de pelo menos 33 milhões de toneladas, podendo chegar talvez a 35 milhões de toneladas”, frisou.
O cenário de curto prazo para a Bolsa de Nova York não é positivo, na sua visão. “A curva é negativa. Desde maio não há sinais de reação contundente. No melhor dos cenários, a cotação futura do açúcar bruto em NY pode subir a 13 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo. Por quê? Por conta da grande oferta asiática, com ótimas expectativas para a Índia e Tailândia, apesar de algumas controvérsias sobre este último, e para a China também; tudo isso dentro de um cenário de estoques recordes na Ásia”, completou.
O cenário macroeconômico global é fraco, e afeta a demanda por commodities, implicando em perdas no petróleo e, consequentemente, para o açúcar. “Com números de PIB ruins em vários países, com recuperações artificiais motivadas por pacotes de ajuda dos governos, a demanda por commodities é prejudicada, influenciando o consumo do açúcar”, pontuou Muruci.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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