Porto Alegre, 30 de abril de 2020 – Os preços internacionais do açúcar continuaram caindo com força em abril, afetados pelo colapso do petróleo e pela depreciação da moeda brasileira. Os contratos com entrega em julho do açúcar bruto negociados em Nova York fecharam a sessão do dia 29 de abril a 9,92 centavos de dólar por libra-peso, queda de 5,5% em relação à última cotação de março (10,50 centavos de dólar por libra-peso no dia 31). Já no acumulado do ano, o declínio chega a 27%. Perto do final de abril, o primeiro contrato (maio) tocou em 9,3 centavos, mínima histórica para a posição e cotação mais baixa desde 2007.
A expectativa de uma grande produção no Brasil ajudou a manter um cenário extremamente negativo, com estimativa de que o mix açucareiro no centro-sul aumente para até 46% neste ano, contra 34% no ano passado. O petróleo desvalorizado torna o etanol ainda menos atrativo para as usinas, que já migraram com força em direção ao açúcar, como foi comprovado no primeiro relatório oficial da safra 2020/21 da principal região produtora do país.
Conforme dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), a moagem da cana-de-açúcar alcançou 22,38 milhões de toneladas nos quinze primeiros dias de abril, o segundo maior volume histórico para o período, menor apenas quando comparado às 32,94 milhões de toneladas apuradas nessa mesma quinzena da temporada 2016/2017. No comparativo quinzenal com o resultado observado em 2019 (13,90 milhões de toneladas), houve um crescimento de quase 8,5 milhões de toneladas, ou 61%.
As produções de açúcar e de etanol também cresceram no início da safra. O volume de etanol fabricado somou 981,86 milhões de litros (180,14 milhões de litros de etanol anidro e 801,72 milhões de litros de etanol hidratado), alta de 32,70% em relação a mesma quinzena de 2019. O volume inclui a fabricação de etanol a partir do milho, que totalizou 86,30 milhões de litros até 16 de abril, ante 49,07 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2019/2020 – alta de 75,87%
No caso do açúcar, a produção atingiu 948,50 mil toneladas, mais do que o dobro verificado na safra passada (340,10 mil toneladas). Com isso, o percentual de cana-de-açúcar destinada à fabricação da comodity saltou de 23,49% em 2019 para 39,69% na primeira metade de abril do ano corrente, efeito dos baixos preços praticados para o biocombustível.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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