O governador do Federal Reserve (Fed), Christopher Waller, afirmou nesta sexta-feira (20/06) que o banco central americano poderia reduzir as taxas de juros já em julho, caso as condições econômicas se mantenham favoráveis. Em entrevista à CNBC, Waller destacou que a inflação não representa mais uma ameaça significativa, abrindo espaço para um início de afrouxamento monetário.
Waller, considerado um membro mais conservador do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), surpreendeu ao sugerir que o Fed poderia agir preventivamente para proteger o mercado de trabalho, antes que haja sinais claros de desaceleração. “Por que esperar até ver uma queda brusca no emprego? Podemos começar a discutir cortes já na próxima reunião”, argumentou.
As declarações ocorrem dois dias após o Fed manter os juros inalterados pela quarta vez consecutiva, na faixa de 4,25% a 4,5%. Embora o comitê tenha votado unanimemente pela pausa, o “dot plot” (o gráfico de pontos com as perspectivas) revelou divergências: enquanto 7 dos 19 membros projetam manutenção das taxas em 2025, outros 10 antecipam dois ou três cortes.
A posição de Waller contrasta com as pressões do presidente Donald Trump, que indicou o economista para o Fed em seu mandato. Trump tem defendido cortes agressivos de até 2,5 pontos percentuais para reduzir o custo da dívida pública de US$ 36 trilhões. No entanto, Waller defendeu cautela: “Devemos avançar lentamente”, afirmou, descartando mudanças bruscas.
O debate ocorre em um cenário em que as tarifas comerciais impostas pelo governo americano não estão pressionando significativamente a inflação, segundo Waller. Isso permitiria ao Fed priorizar o crescimento econômico sem descuidar da estabilidade de preços, com um possível primeiro corte já no próximo mês.
