A ação da Vibra (VBBR3) opera em queda após resultado do 1T25, com analistas citando o foco da companhia na rentabilidade e redução da alavancagem, de olho nas margens de distribuição e reajustes da Petrobras, além de desafios do ambiente macro. Por volta de 12h52 (horário de Brasília), o ativo VBBR3 caía 2,62%, a R$ 18,21.
A Ativa Investimentos, em comentário divulgado após a teleconferência de resultados com analistas e investidores sobre os resultados do 1T25, disse que a Vibra reforçou seu compromisso com a rentabilidade e a disciplina operacional nos seus negócios. ‘A companhia reconheceu que o mercado de postos segue competitivo e que a retomada de market share acontecerá de maneira apenas gradual. Apesar dos desafios, há o entendimento que a empresa conseguirá manter as margens obtidas neste trimestre ao longo do ano. A expectativa passa pela melhora regulatória do setor, com a entrada da monofasia no etanol a partir de maio e a expectativa por melhoras no RenovaBio, além da resiliência e habilidade da empresa em navegar por cenários distintos. Para o 2T25, apesar das reduções no diesel já anunciadas pela Petrobras, há expectativa que isto diminua a atual janela de importação e resulte em liberação de capital de giro, movimento importante para que a companhia torne sua geração de caixa livre mais robusta. Em suma, o cenário é complexo, mas a companhia está pronta para seguir crescendo de maneira consistente”, destacou a corretora.
A Ativa reitera a recomendação de compra para VBBR3, com preço-alvo de R$ 29,00. “Em nossa visão, a combinação entre foco em margem, eficiência, engajamento da revenda e captura de oportunidades regulatórias sustentam a continuidade de nosso sentimento construtivo com o case”.
Em relatório, mais cedo, o Santander pontuou que a Vibra entregou ebitda ajustado no 1T25 amplamente alinhado ao consenso, de R$ 1,59 bilhão, impulsionado por: (i) margens de distribuição de combustíveis sólidos, com ebitda por m3 de R$ 164 auxiliado por ganhos estimados de estoque de R$ 13 por m3 (particularmente no segmento B2B); e (ii) resultados da Comerc mais fracos, mas relativamente estáveis (participação de R$ 268 milhões no ebitda). O FCF orgânico foi negativo, em R$ 375 milhões, devido às necessidades de capital de giro da distribuição de combustíveis (ou seja, menores contas a pagar, maiores contas a receber/estoques), enquanto a dívida líquida atingiu R$ 20,5 bilhões, devido à incorporação da Comerc.
Em relação ao ND/EBITDA, de 3,1 vezes (versus 1,7 vez no 4T24), o Santander espera que a Vibra volte a desalavancagem para 2,7 vezes até o final do ano, dada a natureza lucrativa do negócio de distribuição de combustíveis.
“Olhando para o futuro, Vibra mencionou que as margens permaneceram saudáveis em abril, apesar do aumento nas importações de combustíveis, enquanto a tributação monofásica para o etanol hidratado (iniciada em 1º de maio) poderia proporcionar uma mudança positiva na dinâmica da indústria. Embora a decisão da Petrobras de reduzir os preços do diesel diversas vezes possa ter um impacto significativo no ebitda por m3 da Vibra (estimamos preliminarmente R$ 30 por m3), esperamos que esse efeito seja de certa forma compensado por estoques mais baixos e uma liberação de capital de giro daqui para frente”, concluíram.
O Santander mantém a classificação neutra para a Vibra (VBBR3, preço-alvo de R$ 20,50), pois, apesar dos contínuos esforços de desalavancagem da empresa, acredita que as ações poderiam reagir positivamente às taxas de juros mais baixas no Brasil.
Em análise antes da call de analistas, o Goldman Sachs ressaltou que os resultados do 1T25 da Vibra mostraram ebitda ajustado de R$ 1,6 bilhão, 3% acima das suas estimativas e e 6% acima do consenso Bloomberg, embora apoiado por alguns ganhos de estoque. No negócio de distribuição de combustíveis da Vibra, destacou a margem ebitda recorrente ajustada de R$ 164 por m3. “Mais do que os resultados de hoje, acreditamos que o foco dos investidores permanecerá na mensagem que a gestão transmitirá durante a teleconferência de resultados sobre a evolução das margens no 2T. Embora reconheçamos alguns ventos favoráveis no 2T (principalmente associados ao progresso na agenda contra a informalidade, incluindo a aplicação de nova tributação sobre o etanol até maio), reconhecemos que a Petrobras tem cobrado preços acima da referência internacional ultimamente (apesar dos recentes ajustamentos de preços), o que poderia, em última análise, encorajar os importadores independentes a acelerar as importações (e, portanto, potencialmente levar a um aumento da concorrência). Observamos também que as reduções de preços da Petrobras deverão trazer perdas de estoque para as margens do 2T”, avaliam.
O Goldman Sachs tem classificação neutra na ação da Vibra, com preço-alvo de 12 meses para VBBR3 de R$ 20,70 com base em na soma das partes da avaliação. “Para avaliar o negócio de distribuição de combustíveis da Vibra, aplicamos uma meta de 4,7x EV/EBITDA de 12 meses ao ebitda ajustado do segmento. Para a Comerc (negócio de energias renováveis da Vibra), associamos um EV alvo de R$ 11 bilhões para os próximos 12 meses, derivado de um DCF sob um WACC de 10% (termos nominais em R$). “Os principais riscos de alta e de baixa, em nossa opinião, incluem atividade econômica melhor ou mais fraca do que o esperado, taxas de juros mais baixas ou mais altas do que o esperado no Brasil, expansão ou contração das margens de distribuição de combustíveis e cenário competitivo mais suave ou mais acirrado.”
Lucro líquido soma R$ 601 milhões, queda anual de 23,8% no 1T25
A Vibra registrou lucro líquido de R$ 601 milhões no 1o trimestre de 2025, queda de 23,8% na comparação anual. O Lucro Líquido Ajustado da Companhia foi de R$ 1,009 bilhão, impulsionado pelo desempenho operacional da vertente de Distribuição (R$ 1,124 bilhão) e parcialmente compensado pelo resultado negativo de Renováveis (-R$ 115 milhões), que está em sua fase final de expansão.
A receita líquida ajustada foi de R$ 45,036 bilhões no período, 13,2% maior que o visto no mesmo intervalo do ano anterior.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado aumentou 43,6% no trimestre e somou R$ 2,025 bilhões.
O volume de vendas da Distribuição foi de 8,409 milhões de metros cúbicos (m3) no trimestre, número 2,2% inferior que o visto em igual período do ano passado. A margem bruta do segmento de Distribuição subiu 4,5% na comparação anual, para R$ 278 por m3.
“A Vibra iniciou 2025 com desempenho financeiro sólido, refletindo os avanços na gestão operacional, disciplina financeira e foco em geração de valor. O Ebitda Ajustado alcançou R$ 2,025 bilhões, evidenciando a eficácia da estratégia voltada à rentabilidade e à eficiência, com contribuição relevante tanto da Vibra Distribuição (R$ 1,812 bilhão) quanto da Comerc Energia (R$ 213 milhões)”, comentou a administração da Vibra.
“O trimestre também foi marcado por forte geração de caixa. O Fluxo de Caixa Operacional da Vibra somou R$ 0,9 bilhão, sustentando uma posição financeira robusta e reforçando nosso compromisso de distribuição de resultados aos nossos acionistas. Nesse sentido, anunciamos a distribuição de R$ 350 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP) no 1T25”, disse a empresa.
CVM confirma inexigibilidade de de oferta pública de aquisição de ações da Comerc
A Vibra Energia informa que, em correspondência enviada na presente data, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) confirmou a inexigibilidade de oferta pública de aquisição de ações, por alienação de controle, de que trata o artigo 254-A da Lei nº 6.404/1976, em conexão com a operação de aquisição pela Vibra de ações de emissão da Comerc Energia, informada em 21 de agosto de 2024 e 16 de janeiro de 2025.
A companhia manterá os acionistas e o mercado devidamente informados acerca deste assunto.

