Porto Alegre, 29 de abri de 2021 – Nos últimos cinco anos, o Brasil ampliou em mais de 15 vezes as exportações de algodão para o mercado chinês. Na safra 2016/17, foram comercializadas 41,8 mil toneladas (tons). No atual ciclo 2020/21, que finaliza em junho, já são 643,1 mil tons vendidas – e, no que depender da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) e da China CottonAssociation (CCA), esse ritmo seguirá intenso nos próximos anos.
Na noite de segunda (26), as duas entidades assinaram um memorando de entendimento que formaliza esforços conjuntos na aproximação ainda maior entre os cotonicultores representados pela Abrapa e o mercado industrial têxtil chinês reunidos na CCA. Criada em 2003, a CCA representa cerca de 60% do setor têxtil na China, abrangendo diversos elos da cadeia do algodão, inclusive indústrias. Já a Abrapa, fundada em 1999, abrange 99% da produção da fibra no Brasil e 100% do total das exportações nacionais.
“Vejo um futuro brilhante para os dois países. Estamos unidos na busca por um produto cada vez mais responsável, a partir de um sistema produtivo amigável ao meio ambiente, que protege seus recursos naturais e também os interesses legítimos dos trabalhadores”, pontuou a presidente da CCA, Fang Gao.
De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a China produz cerca de 6 milhões de toneladas de algodão por ano. Entretanto, para atender a demanda da indústria local, precisa importar mais 2 milhões de toneladas – volume que a coloca como maior consumidor industrial de algodão do mundo. O descompasso tende a aumentar: a estimativa da OCDE é de que até 2029 as compras chinesas aumentem 13% em comparação à média de 2017-2019.
“Por questões climáticas e naturais, a tendência é de que nossa área plantada com algodão se mantenha estável nos próximos anos, assim como a produção. Precisamos de um fornecimento regular e de produto de alta qualidade. Em médio prazo e nesse contexto, o Brasil pode ser considerado o maior player para a China”, analisa Jianhong Wang, vice-presidente da CCA.
Os brasileiros estão prontos para o desafio, garante o presidente da Abrapa, Júlio Busato. “Há vários anos, a associação tem viabilizado essa aproximação com a China. Conhecemos as necessidades do setor têxtil chinês. É por isso que, principalmente nas últimas três safras, os níveis de qualidade da fibra nacional cresceram tanto”, afirmou durante a assinatura do memorando.
Dados do Beijing Cotton Outlook Consulting (BCO) indicam que enquanto os norte-americanos responderam por 43% do total importado pelo gigante oriental nos primeiros dois meses deste ano, o Brasil absorveu 37,5% das compras chinesas. Índia vem em terceiro lugar, com cerca de 12% das importações. “Nesta safra, a China importou volumes acima da nossa demanda doméstica, tornando-se o maior mercado consumidor do nosso algodão”, enfatiza Busato. As informações são da Abrapa.
Revisão: Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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