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Geopolítica global domina atenções da soja em 2025, ano de produção global elevada

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O ano de 2025 foi difícil para o mercado de soja, especialmente pelo lado da geopolítica global. Do ponto de vista produtivo, tratou-se de um ano bastante positivo, com volumes elevados nas produções dos principais paises. A avaliação é de Safras & Mercado.

Nos Estados Unidos, a safra 2024/25 (safra velha) foi regular, com produção próxima de 119 milhões de toneladas. No Brasil, a produção atingiu um recorde histórico, encerrando a temporada em aproximadamente 171,8 milhões de toneladas, sustentada por altos níveis de produtividade na maior parte dos estados produtores.

“A exceção foi o Rio Grande do Sul, que enfrentou uma quebra histórica de cerca de 40% do potencial produtivo, em função de seca severa e temperaturas elevadas. Caso esse evento climático não tivesse ocorrido, o Brasil poderia ter encerrado o ciclo com uma produção próxima de 180 milhões de toneladas”, avalia o analista e consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira.

Ainda assim, o volume registrado representou a maior safra brasileira da história. Na Argentina, a produção foi considerada muito boa, estimada em torno de 50,5 milhões de toneladas. “Embora não tenha sido um recorde histórico, foi uma safra robusta e consistente, o que permitiu à América do Sul exercer forte pressão de oferta no mercado global”, acrescenta Silveira.

Preços
Diante desse cenário de oferta abundante, o mercado brasileiro esperava quedas significativas de preços ao longo de 2025. No entanto, uma série de fatores alterou substancialmente essa expectativa. “Inicialmente, houve atrasos na colheita, o que prejudicou a logística no mês de fevereiro e reduziu temporariamente o fluxo de oferta. Na sequência, ganhou força o principal vetor de sustentação do mercado ao longo do ano: a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que se intensificou e se estendeu por praticamente todo o ano de 2025”, aponta o analista.

Os entraves tarifários redirecionaram os fluxos globais de comércio e o Brasil consolidou-se como principal fornecedor de soja ao mercado chinês. A China já vinha reduzindo suas compras de soja norte-americana e, a partir de maio de 2025, praticamente interrompeu as aquisições do grão dos EUA, ao mesmo tempo em que se aproveitou da grande oferta brasileira, adquirindo volumes extremamente elevados.

Exportações, prêmios e mercado interno
A comercialização da soja brasileira foi amplamente favorecida. Os volumes exportados foram muito expressivos, o que sustentou os prêmios de exportação, que quase não recuaram no primeiro semestre e dispararam a partir de maio, quando a China cessou as compras de soja norte-americana.

“Como reflexo, os preços internos permaneceram sustentados, tanto no canal de exportação quanto na indústria doméstica. A indústria, por sua vez, enfrentou margens extremamente apertadas durante grande parte do ano, uma vez que o preço físico da soja subiu, enquanto o farelo negociado em bolsa apresentou retração consistente ao longo de 2025”, coloca o consultor.

Silveira destaca que, em diversos momentos, os preços no mercado físico ficaram acima da paridade de exportação, invertendo completamente as expectativas iniciais para o ciclo. “Assim, o ano de 2025 foi caracterizado por oferta abundante, porém com preços sustentados no físico”, completa.

Na Bolsa de Chicago (CBOT), o comportamento foi distinto: o mercado operou de forma lateralizada, em um intervalo aproximado entre US$ 9,50 e US$ 11,50 por bushel, refletindo principalmente a queda da demanda chinesa pela soja norte-americana. “Esse movimento contribuiu para uma redução da área plantada com soja nos EUA, com parte significativa sendo migrada para o milho na safra 2025/26”.

As exportações brasileiras de soja devem encerrar 2025 entre 108 e 109 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde absoluto. A China foi o principal destino, devendo alcançar importações totais de 83 a 84 milhões de toneladas ao longo do ano, do total exportado pelo Brasil no ano anterior, aproximadamente 72,5 milhões de toneladas tiveram como destino a China (supondo todo o ano de 2024) , evidenciando que o país absorveu praticamente toda a janela tradicional de exportação dos EUA, especialmente entre outubro e parte de novembro.

No entanto, ao final de outubro e início de novembro, surgiram acordos entre China e Estados Unidos, nos quais a China teria se comprometido a comprar cerca de 12 milhões de toneladas até o final de dezembro. Com o passar do tempo, ficou claro que esse volume não seria totalmente concretizado, o que levou o Secretário do Tesouro dos EUA a postergar o prazo para o final de fevereiro.

Além disso, o acordo previa compras de aproximadamente 25 milhões de toneladas por ano durante os próximos três anos. “Esse volume, embora relevante politicamente, representa uma demanda relativamente normal dentro do histórico de comércio entre os dois países”, ressalta Silveira.

Caso esses acordos de fato se materializem, pode ocorrer uma redução na agressividade das exportações brasileiras na safra nova, impactando diretamente o nível de preços no mercado doméstico. “Diferentemente de 2025, o Brasil pode não contar com uma pressão tão forte de demanda externa”, alerta o analista.

Esse cenário configura o principal risco para o produtor brasileiro em 2026, especialmente diante da expectativa de novo aumento de produção, atualmente estimada em cerca de 178,7 milhões de toneladas. “Com oferta crescente e possível recomposição do fluxo comercial entre EUA e China, o ambiente de preços tende a exigir maior disciplina comercial e estratégias de hedge mais ativas”, conclui Rafael Silveira.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News
Copyright 2025 – Grupo CMA

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